(1Sm 16,1b.6-7.10-13a; Sl 22[23]; Ef 5,8-14; Jo 9,1-41).
1. Continuamos a nossa reflexão em
torno do batismo. Depois do simbolismo da água, temos o da luz. Jesus é a luz
que ilumina a humanidade, aqui representada pelo cego do evangelho em sua
peregrinação até chegar a reconhecer quem é o Cristo de Deus.
2. Paulo nos lembra que somos filhos da
luz, imagem também do próprio Espírito Santo, presente na unção recebida por
Davi para a missão que Deus o nomeava.
3. A narrativa do Evangelho é de uma
maestria particular, pois mais que nos contar um milagre de Jesus, nos leva a
acompanhar um processo de fé em Cristo, luz do mundo, Messias e Filho de Deus.
O homem que passa da cegueira física à visão da luz, até chegar à iluminação da
fé em Cristo.
4. Toda caminhada ascendente do homem
curado em sua cegueira, serve de contraponto aos fariseus, que vão retrocedendo
no seu conhecimento de Deus e incredulidade em Cristo, convertendo-se em cegos
que veem.
5. O texto pode ser lido sob duas
perspectivas que se complementam: o estritamente bíblico e o sacramental.
O aspecto bíblico está em proclamar a divindade de Jesus, que Ele é a luz do
mundo, numa perspectiva de libertação do ser humano, da vitória da luz sobre as
trevas. Mas que será sempre uma escolha, um posicionar-se.
6. Esse texto, desde tempos remotos,
foi utilizado como ilustração do batismo, seja nos comentários dos Padres da
Igreja seja na liturgia eclesial, para conferir ao Batismo a condição de sinal
de luz, que é Cristo. O Batismo seria como uma iluminação da cegueira congênita
do ser humano.
7. No passado, os que haviam recebido o
batismo na Vigília Pascal eram chamados de ‘iluminados’. É nesse sentido que
podemos acolher a exortação de Paulo a caminharmos como filhos da luz. Ele nos
recorda essa contraposição entre o antes e o depois. Se antes éramos trevas,
agora somos luz no Senhor.
8. Penso que a unção de Davi, na 1ª
leitura, esteja relacionada a unção com o óleo do crisma que o neo-batizado
recebe para lembrar-lhe a sua condição de sacerdote, profeta e rei.
9. Assim somos convidados, mais uma vez
a renovar o nosso batismo sob a perspectiva da luz em nosso seguimento. Se
Cristo nos afirma que é a luz do mundo, quem o segue deve renunciar de fato à
toda a treva que insiste em absorvê-lo.
10. Somos luz do mundo ou no mundo.
Assim pedimos ao Senhor que cure a nossa cegueira para vermos de maneira
diferente, como ele mesmo vê esse mundo em que vivemos. Que nos abra os olhos
como a Paulo, como a Agostinho de Hipona e a tantos outros convertidos da
história, para que renovemos a nossa opção batismal à luz dos valores
evangélicos.
Pe. João Bosco Vieira Leite