(Ex 17,3-7; Sl 94[95]; Rm
5,1-2.5-8; Jo 4,5-42).
1. O terceiro domingo da Quaresma
no ano A trabalha o tema do batismo, particularmente para aqueles se preparam
para recebê-lo na Vigilância Pascal.
2. Assim a nossa liturgia se abre
com o tema da água viva, desenvolvido no Evangelho que por sua vez nos lança na
compreensão do dom do Espírito Santo derramado em nossos corações, conforme nos
lembra Paulo na segunda leitura. Há outros temas embutidos em nosso evangelho
que não abordaremos.
3. Estamos diante de uma das
páginas mais bonita do evangelho. Jesus se auto revela à mulher samaritana
através do símbolo da água, num diálogo catequético que começa com a sede de
Jesus que pede água à mulher, passando pela água que ele oferece.
4. Ele oferece a Água viva que
apaga a sede para sempre e se converte, dentro daquele que a bebe, em torrente
que jorra para a vida eterna. É esse dom que ela desconhece. Lhe falta a luz de
Deus, por isso Jesus se lhe revela.
5. Percebamos que a narrativa vai
realizando progressivamente o mistério da pessoa de Jesus. De apenas mais um
judeu ele passa a ser denominado de profeta; a imagem do Messias vislumbra no
cenário até finalizar com o reconhecimento em Jesus, do salvador do
mundo.
6. Assim, sem violentar o
itinerário psicológico-religioso dos seus ouvintes, Jesus se converte numa
instância progressiva de fé e conversão. Um ritmo que conduz a um encontro em
profundidade.
7. Nesse esboço narrativo sobre a
pessoa de Jesus, não, podemos deixar escapar a dimensão da água viva como dom
de Deus, que aqui se une à pessoa de Jesus e nessa relação com o Espírito
Santo. Nesse mesmo evangelho ele fará o convite de ir a Ele e beber dessa água
viva que também dele procede. Ele já havia dito a Nicodemos que ninguém pode
entrar no reino de Deus se nasce da água e do Espírito.
8. Água e Espírito se unem numa
referência à realidade batismal que buscamos renovar nessa Quaresma como
preparação para o mistério Pascal. Morte ao pecado e busca de uma vida nova no
Senhor ressuscitado.
9. Em tudo isso compreendemos que
essa água viva, dom de Deus, é o ponto de referência para a revelação da pessoa
de Jesus Cristo, de sua doutrina e sabedoria, capazes de apagar para sempre a
sede espiritual do ser humano.
10. Carregamos mais que uma sede
material. A insatisfação profunda é uma constante para o ser humano, por isso a
sede pode adquirir significados vários. A nossa autossuficiência faz crescer a
nossa indigência espiritual.
11. Como encher o vazio interior,
fruto da ausência de valores autênticos, produto do materialismo consumista, da
sede de poder e de glória, do sexo e das drogas?
12. Agostinho de Hipona, em sua
sede, assim definiu seu itinerário: "Criaste-me, Senhor, para ti, e
inquieto está meu coração enquanto não descansar em Ti". Em nosso
itinerário quaresmal, sejamos movidos por essa sede.
Pe. João Bosco Vieira Leite