Terça, 03 de março de 2020


(Is 55,10-11; Sl 33[34]; Mt 6,7-15) 
1ª Semana da Quaresma.

“Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras” Mt 6,7.

“Mateus deu uma forma e estrutura bem artísticas a esse primeiro e mais longo discurso de Jesus. Exatamente no centro do Sermão da Montanha encontra-se o Pai Nosso. Todas as exigências do Sermão da Montanha encontram-se no Pai Nosso. Todas as exigências do Sermão da Montanha estão agrupadas em torno dessa oração central que Jesus legou aos discípulos. Não pretendo dar uma interpretação de todo o Sermão, quero apenas tentar entendê-lo como uma unidade de oração e ação. O que Mateus exprime em sua composição tem para mim um significado teológico. O que Jesus exige só pode ser cumprido como resposta à oração e como expressão da experiência tirada da oração e que diz: a nossa existência tem a sua raiz na confiança com que filhos e filhas se dirigem ao Pai celestial. Para Mateus, oração e trabalho, rezar e agir são uma coisa só. É nisso que se manifesta a sua teologia da graça. O novo agir que distingue o cristão emana da experiência da oração é a experiência de que somos filhos e filhas de Deus, incondicionalmente amados por Deus, que é nosso pai comum, por Deus, que é nossa verdadeira mãe. Quem, na oração, se experimenta como filho ou filha do Pai celestial externará essa experiência num comportamento novo. Se a oração não se externar em ação, ficará ineficaz, dando voltas narcíseas em torno do próprio eu. A oração como a entende Mateus quer levar-nos a um novo agir, que é bom para o mundo todo e que supera e fecha a fenda que separa os seres humanos entre si” (Anselm Gurn – Jesus, Mestre da Salvação – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite