5º Domingo da Quaresma – Ano A


(Ez 37,12-14; Sl 129[130]; Rm 8,8-11; Jo 11,1-45).

1. Esse último domingo quaresmal nos lança para a Semana Santa, que esse ano vivenciaremos de um modo totalmente novo diante da pandemia que atravessamos. E exigirá de nós um maior esforço de comunhão com a Palavra e a liturgia desses dias, em casa.

2. A reflexão desse domingo traz ainda um acento batismal. Não esqueçamos que toda a liturgia da Palavra nesse ano A tem em conta os catecúmenos (adultos que se preparavam de forma imediata para o batismo na Vigília Pascal).

3. Por isso, o milagre realizado por Jesus é sinal que Ele, por seu Espírito, nos dá a vida, pelo batismo, como antecipação e garantia da nossa ressurreição final. Quem bem resume isso para nós é Paulo na 2ª leitura. A profecia de Ezequiel, ainda que situada num contexto histórico, se realiza de modo pleno em Jesus.

4. Sim, ainda estamos nessa auto revelação de Jesus iniciada desde seu encontro com a Samaritana. Sua condição divina se acentua de modo particular e a nosso favor: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra viverá”.

5. Mas também aqui se revela a sua humanidade que se comove e chora por causa da morte de um amigo. O divino e o humano se misturam e se revelam para não só ser solidário, mas para restaurar e resgatar da morte.

6. A finalidade desse sinal realizado por Jesus aponta para a fé, pois a ressurreição e a vida é somente para quem acredita em Cristo como Messias e Filho de Deus. Fica a pergunta para nós: “Crês isto?”.

7. Todo o evangelho de João é um grande testemunho da fé em Jesus para que outros venham a crer e possam experimentar em si a Vida (cf. Jo 20,31). 

8. É inevitável não pensar na morte nesses últimos tempos com o número sempre crescente. Se não pensamos na nossa, ao menos a experimentamos particularmente quando toca a pessoas próximas a nós. Em cada adeus definitivo algo muito nosso morre dentro de nós.

9. “A morte biológica, o seu anúncio paulatino em múltiplas doenças, a sua presença brutal nos acidentes, e a sua manifestação em tudo que é negação da vida, violação da dignidade e dos direitos da pessoa, constitui o mais pungente dos problemas humanos” (B. Caballero – A Palavra de cada Domingo  Ano A – Paulus).

10. É certo que aspiramos viver, e muito, mas sabemos o que nos espera, por isso não cessamos de buscar uma resposta para o inevitável. São muitas as crenças e suas respostas. Atitudes dizem de nossa crença, do nosso medo, do silêncio ou da completa falta de crença em algo que virá depois...

11. Nesse cenário está Jesus como única resposta ao sentido da vida e da morte que carregamos. É nessa comunhão com Sua pessoa que somos tocados, em corpo e espírito, nesta vida e na futura. Tudo adquire um sentido novo em Jesus.

12. A morte é passagem, de uma vida que já iniciamos para sua plenitude. A fé em Cristo deve nos liberta desse medo, dessa falta de sentido e do absurdo de uma existência que acabaria em nada.

13. À luz da ressurreição do Senhor, caminhamos entre os avanços da medicina que aliviam o percurso e o desejo de imortalidade, para a libertação definitiva com Cristo ressuscitado. A última palavra quem tem é a vida, e não a morte.

Pe. João Bosco Vieira Leite