Terça, 4 de junho de 2019


(At 20,17-27; Sl 67[68]; Jo 17,1-11) 
7ª Semana da Páscoa.

“Jesus ergueu os olhos ao céu e disse: ‘Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique a ti’” Jo 17,1.

“Da mesma maneira que Moisés, no Deuteronômio, encerra as suas fictícias palavras de despedida com uma bênção, Jesus, ao despedir-se, resume toda a sua atividade numa oração. Foi David Chytreus (1531-1600) que deu a essa oração o nome de oração sacerdotal. Nela, Jesus aparece no papel de intercessor pelos seus. Esta oração é um complemento do prólogo. Rezando, Jesus recorda mais uma vez a finalidade de seu agir, a saber: fazer brilhar nesse mundo a glória de Deus em seu amor que se completa na cruz. Importa-lhe que tenhamos a vida eterna já e agora. A vida que Jesus nos quer dar revela-se nessa oração pessoal de Jesus como relação íntima com o Pai e com seu Filho. Somos incluídos no amor que existe entre o Pai e o Filho. É o ponto alto da mensagem de Jesus. Tudo indica que Jesus está contente por ter chegado a sua hora, a hora para a qual converge todo o evangelho de João. Será a hora em que Deus o glorificará na morte de cruz, fazendo brilhar finalmente a luz divina em toda sua plenitude. Ele aguentou a missão do amor. Revelou o Pai, não se colando a si próprio no centro das atenções. A vida eterna que Jesus nos dá é descrita por ele na frase: ‘A vida eterna é que eles te conheçam a ti, o único verdadeiro Deus, e àquele que enviaste, Jesus Cristo’ (17,3). A palavra grega para conhecer (ginosco) é usada igualmente para exprimir a união do homem e da mulher no amor sexual. Ela representa o conhecimento místico em que a nossa consciência pequena se funde com a consciência de Deus. ‘Conhecer Deus significa, portanto, obter uma consciência totalmente nova’ (SANFORD, 1997, p. 167, v. 2). Jesus dá a essa nova consciência o nome de vida eterna. Ela consiste no conhecimento do verdadeiro Deus. Segundo C. G. Jung, Deus é o mais forte dos arquétipos. Quando esse arquétipo fica enfermo, o homem todo adoece. Por isso é decisivo conhecer o Deus verdadeiro livrando-nos das projeções que fazemos de Deus. A revelação do Pai é por isso mesmo uma ação salutar de Jesus, uma ação que cura a nossa alma dando-nos vida verdadeira. Com isso fica claro que Deus só pode estar onde está a vida. Só podemos encontrar o Deus de Jesus na experiência da vida. Quando vivemos angustiados e aflitos é sinal de que estamos presos às projeções que nós mesmos fazemos de Deus”  (Anselm Grun – Jesus: porta para a vida – Loyola). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite