(Is 61,9-11; Sl [1Sm 2]; Lc 2,41-51)
Imaculado Coração de Maria.
“Os pais de Jesus iam
todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa” Lc 2,41.
“Os textos da memória
litúrgica convergem naturalmente para o coração de Maria, perfeitamente
iluminado pelo mistério de Cristo. Lucas menciona duas vezes o coração de
Maria: a primeira em relação com Belém (Lc 2,19), a segunda com Jerusalém, no
contexto da perda e do reencontro de Jesus (Lc 2,51). Entre estas duas cidades
desenrola-se o caminho terreno de Cristo, do nascimento à morte, atrás dele, o
caminho dos seus discípulos, a primeira dos quais é sua mãe. Na realidade,
enquanto por um lado o reencontro de Jesus, ocorrido no contexto de uma festa
pascal, fecha o evangelho da infância, por outro, evoca a morte-ressurreição.
Já a tradição patrística interpretou este episódio como o anúncio velado do que
aconteceria no mistério pascal. O que experimentaram Maria e José não é outra
coisa senão a longínqua parábola da sorte que caberia aos discípulos: Jesus
teria sido retirado do meio deles até o grande reencontro do ‘terceiro dia’. O
caminho rumo a Jerusalém é a imagem do caminho de fé, vivida por Maria no seu
coração. Os pais alimentam sempre projetos com relação aos filhos: com doze
anos Jesus entra responsavelmente na sociedade cultural e social do povo da Aliança.
O que fará quando crescer? Que estrada sugerir-lhe? Provavelmente eram estes os
pensamentos que circulavam na cabeça de Maria. Mas... Jesus deve realizar o
projeto do Pai, aquele pelo qual nasceu. E Jerusalém, mencionada três vezes por
Lucas no raio de poucas linhas, aparece como a chave secreta que desvela tal
projeto. Jesus, de fato, permanece na cidade santa, no templo: o seu coração
está na lei de Deus! Jerusalém é a meta rumo à qual caminha em total obediência
à vontade do Pai e, atrás dele, deve caminhar também sua Mãe e todo discípulo” (Corrado
Maggioni – Maria na Igreja em Oração – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite