Pentecostes – Missa do dia


(At 2,1-11; Sl 103[104]; 1Cor 12,3b-7.12-13; Jo 20,19-23)

1. Encerramos o nosso tempo Pascal com essa celebração de Pentecostes, 50 dias após a celebração do dia da Páscoa. Festejamos hoje o do Espírito Santo derramado sobre os apóstolos e a Igreja nascente. Para João, no evangelho, este dom foi dado a Igreja no entardecer daquele domingo da Ressurreição.

2. É um dom que vem associado ao próprio envio que Jesus faz dos apóstolos ao mundo. Para a comunidade dos crentes, a Igreja do início e de todos os tempos traz a garantia dessa presença, dessa assistência do Espírito Santo.

3. Diz a esse respeito o documento do Vaticano II: “A Igreja continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, anunciando a paixão e a morte do Senhor até que Ele venha. No poder do Senhor ressuscitado encontra a força para vencer, na paciência e na caridade, as próprias aflições e dificuldades, internas e exteriores, e para revelar ao mundo, com fidelidade, embora entre sombras, o mistério de Cristo, até que no fim dos tempos ele se manifeste na plenitude de sua Luz” (LG 8).

4. Mas certamente é a narrativa de Lucas que nos chama a atenção. Para ele, a 1ª vinda do Espírito Santo, a mais importante, a mais extraordinária e mais solene, teve lugar na celebração do Pentecostes judaico.

5. Ele a descreve com os termos próprios que tratam das manifestações de Deus no Antigo Testamento: barulho, forte ventania, fogo. Assim ele nos quer dizer que essa vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos teve efeito prodigioso.

6. O primeiro efeito é essa capacidade de levar a todos a revelação da história salvífica e serem compreendidos. Aqui se entenda as nacionalidades diversas. Aqui se esboça a universalidade da Igreja. Na Igreja e através dela, Deus será reconhecido e louvado por todos os povos.

7. O segundo efeito que produz o Espírito é a reconstituição da unidade, nessa missão de levar o evangelho a todos os povos e culturas, superando o bloqueio linguístico, para que todos se reconheçam irmãos no único povo de Deus.

8. O Espírito é o artífice principal da unidade da Igreja, nos lembra Paulo também na 2ª leitura, com esta bela imagem do corpo e seus membros, cujo Cristo é a cabeça. Por obra do Espírito poderemos experimentar o inverso daquilo que foi Babel, a pretensão do ser humano de fazer-se sem Deus.

9. É a realidade de sempre: cada vez que o ser humano pretende construir a própria vida, a própria felicidade, o próprio futuro, a própria civilidade prescindindo de Deus – ou contra Deus – acabam em uma catástrofe. Não sei, pode ser um exagero da minha parte, mas nossa sociedade parece caminhar para isso.

10. Uma sociedade teocrática pode ser um perigo nas mãos de fanáticos, mas uma sociedade sem Deus também não deixa de ser um perigo nas mãos de quem pensa que tudo é permitido...

11. Peçamos ao Senhor que nos faça atentos pela força e pela Luz do Espírito nos passos que vamos dando de maneira pessoal e comunitária; e mais uma vez pedimos sobre nós e sobre a nossa Igreja... ‘A nós descei divina Luz...’.

Pe. João Bosco Vieira Leite