Terça, 18 de junho de 2019


(2Cor 8,1-9; Sl 145[146]; Mt 5,43-48) 
11ª Semana do Tempo Comum.

“Vós ouvistes o que foi dito: ‘amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém vos, vos digo, amai os vosso inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” Mt 5,43-44.

“Os Padres da Igreja identificaram e exaltaram no amor aos inimigos, exigido por Jesus na sexta antítese, a característica realmente nova dos cristãos. Os pagãos também ficavam admirados com esse novo mandamento. No entanto, o amor a todos os seres humanos, mesmo aos adversos e antipáticos, pode ser encontrado também no pensamento judaico e grego. Marco Aurélio, por exemplo, escreve: ‘Amar até mesmo aqueles que nos fizeram mal é uma incumbência especial do ser humano’ (Gnilka, 192). Na filosofia estóica, o amor aos inimigos baseia-se na liberdade interior e no parentesco entre os seres humanos. O budismo também conhece o amor aos inimigos (Gnilka), 191). Por isso não podemos valer-nos do preceito do amor ao inimigo para reivindicar uma pretensa superioridade sobre outras religiões. O que realmente importa é analisarmos e entendermos as razões específicas do amor aos inimigos em Jesus: ‘Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, a fim de serdes verdadeiramente filhos de vosso Pai que está nos céus’ (5,44s). Jesus mostra que uma das maneiras de amar o inimigo é rezar por ele. Na oração entrego o inimigo às mãos de Deus: que Deus lhe dê aquilo que faz bem a ele e à sua alma. Quem ama o inimigo mostra que é filho ou filha de Deus. Por isso, é o amor aos inimigos o sinal característico da filiação divina. Com o amor aos inimigos imitamos o comportamento do próprio Deus que faz nascer o sol sobre os bons e maus e que faz chover sobre os justos e injustos (5,45). Ao mesmo tempo, o amor aos inimigos nos coloca numa nova proximidade com Deus, porque, lidando de uma nova maneira com o inimigo, experimentamos também Deus de um novo modo. Para Mateus, o novo comportamento nunca é apenas uma expressão de um novo ser, é, ao mesmo tempo, o exercício concreto da experiência do novo ser que nos leva para dentro da experiência do Deus misericordioso cujos filhos e filhas somos” (Anselm Grun – Jesus: mestre da salvação – Loyola). 

Pe. João Bosco Vieira Leite