(2Cor 8,1-9; Sl 145[146]; Mt 5,43-48)
11ª Semana do Tempo Comum.
“Vós ouvistes o que
foi dito: ‘amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém vos, vos
digo, amai os vosso inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” Mt
5,43-44.
“Os Padres da Igreja
identificaram e exaltaram no amor aos inimigos, exigido por Jesus na sexta
antítese, a característica realmente nova dos cristãos. Os pagãos também
ficavam admirados com esse novo mandamento. No entanto, o amor a todos os seres
humanos, mesmo aos adversos e antipáticos, pode ser encontrado também no
pensamento judaico e grego. Marco Aurélio, por exemplo, escreve: ‘Amar até
mesmo aqueles que nos fizeram mal é uma incumbência especial do ser humano’
(Gnilka, 192). Na filosofia estóica, o amor aos inimigos baseia-se na liberdade
interior e no parentesco entre os seres humanos. O budismo também conhece o amor
aos inimigos (Gnilka), 191). Por isso não podemos valer-nos do preceito do amor
ao inimigo para reivindicar uma pretensa superioridade sobre outras religiões.
O que realmente importa é analisarmos e entendermos as razões específicas do
amor aos inimigos em Jesus: ‘Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos e orai
pelos que vos perseguem, a fim de serdes verdadeiramente filhos de vosso Pai
que está nos céus’ (5,44s). Jesus mostra que uma das maneiras de amar o inimigo
é rezar por ele. Na oração entrego o inimigo às mãos de Deus: que Deus lhe dê
aquilo que faz bem a ele e à sua alma. Quem ama o inimigo mostra que é filho ou
filha de Deus. Por isso, é o amor aos inimigos o sinal característico da
filiação divina. Com o amor aos inimigos imitamos o comportamento do próprio
Deus que faz nascer o sol sobre os bons e maus e que faz chover sobre os justos
e injustos (5,45). Ao mesmo tempo, o amor aos inimigos nos coloca numa nova
proximidade com Deus, porque, lidando de uma nova maneira com o inimigo,
experimentamos também Deus de um novo modo. Para Mateus, o novo comportamento
nunca é apenas uma expressão de um novo ser, é, ao mesmo tempo, o exercício
concreto da experiência do novo ser que nos leva para dentro da experiência do
Deus misericordioso cujos filhos e filhas somos” (Anselm Grun
– Jesus: mestre da salvação – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite