(At 19,1-8; Sl 67[68]; Jo 16,29-33)
7ª Semana da Páscoa.
“Disse-vos estas
coisas, para que tenhais paz em mim. No mundo, tereis tribulações.
Mas tende coragem! Eu
venci o mundo!” Jo 16,33.
“Jesus aqui parece um
comandante frente a seus soldados pouco antes de uma batalha. Batalha é coisa
dura, às vezes, mortal. Tenham coragem, é o grito, e nesse grito avançam os
soldados. E nesta batalha estavam os discípulos, e os discípulos, naquele
momento, só viam dificuldades: o Mestre ameaçado, o movimento chegando ao fim,
esperanças despedaçadas, enfim, tudo perdido. Estavam com Ele, talvez, só para
ver o fim. Judas, mais pragmático, já havia abandonado o barco. Agora, pois, só
os onze e o próprio Jesus, e aquela desolação. E só Jesus falava. E falava
coisas extraordinárias, coisas profundas, ou seriam desvairadas, coisas sem
sentido naquelas horas extremamente graves! Paz nele, com Ele, coragem! Talvez
as únicas verdadeiras fossem as aflições, que aliás, era óbvio, pois já estavam
acontecendo. O que então aquele doido queria dizer? E os onze, porque não
fugiam aproveitando as poucas horas de vantagem que ainda gozavam em relação
aos adversários? Estivéssemos lá, aproveitaríamos (falo de mim) para sumir e
esquecer um dia haver seguido aquele homem. Seria um sonho desfeito, mas ainda
restaria a vida. Mas o homem falava de forma convincente, e as suas palavras
reconstituíam as coisas. Tenham paz em mim, e a paz se recriava. Tereis
aflições, e elas de fato viriam. Tende coragem, e a coragem chegava. Eu venci o
mundo, e a vitória, de alguma forma era vislumbrada. Era, pois, uma hora de fé,
uma hora em que a fé deixava de ser moeda podre para transformar-se na moeda
mais valiosa, em ouro puro, para vencer a realidade e afirmar ao mundo que
Jesus tinha vencido o mundo com seu amor e o venceria de novo com seu
sacrifício. Sim, hora de fé, de coragem, de tudo, porque a fé remove montanha.
E a nossa fé? – Senhor, mostra-nos que as aflições estão aí para demonstrar
que precisamos dessa fé e dessa coragem porque a dor sem a fé é inútil. Amém” (Martinho Lutero
Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite