12º Domingo do Tempo Comum – Ano C


(Zc 12,10-11; 13,1; Sl 62[63]; Gl 3,26-29; Lc 9,18-24).

1. A liturgia desse 12º Domingo do Tempo Comum volta seu olhar para a paixão de Jesus e o seu seguimento, e não tanto da identidade de Jesus; para encaminhar nossa reflexão para este aspecto, nos oferece esse texto de Zacarias como 1ª leitura.

2. Temos no texto a menção daquele que foi ferido de morte, uma figura anônima e misteriosa que foi apresentada por Isaías como o Servo do Senhor. O Novo Testamento faz uma releitura dessa personagem para identificá-la com Cristo.

3. Nessa contemplação daquele que foi ferido, o próprio Deus incutirá no seu povo um espírito de piedade que levará ao arrependimento e ao lamento por tal situação. É o mesmo sentimento que compartilhamos na sexta-feira santa.

4. O breve texto de Paulo traz um tema que se repete na Carta aos Gálatas: a nossa filiação divina, que nos vem pela autêntica fé em Cristo que pelo Batismo gera uma humanidade nova sem qualquer discriminação.

5. Se fosse mais viva em nós essa consciência de estarmos revestidos de Cristo e de sermos filho, nos compreenderíamos melhor e compreenderíamos a liberdade de escolhermos esse caminho de seguimento proposto por Jesus no Evangelho que segue.

6. O nosso evangelho se divide em três temas: Primeiro: A definição sobre Jesus que brota dos lábios de Pedro. Ele pede silêncio, pois além do testemunho dos próprios apóstolos, será necessário que o Espírito Santo ajude nossa compreensão, pois não é fácil juntar essa imagem do sofredor com a glória da ressurreição.

7. No segundo momento temos o anúncio do destino de sofrimento e glória que Jesus viverá em Jerusalém, cujo caminho Jesus começa a fazer. Eles precisam entender que a cruz é a chave que nos revela o mistério de Jesus. Essa realidade requer uma certa conversão da nossa parte.

8. A questão não é tanto quem é Jesus, mas quem sou eu nesse seguimento que faço. Assim aparece o terceiro momento onde temos uma catequese sobre o seguimento. Não basta andar com o Mestre é necessário entrar nesse caminho que ele faz. Com profunda humildade, reconhecendo que a vida é uma graça recebida, não a dispomos tanto como queremos.

9. Tudo isso Lucas situa num momento em que o Mestre reza, como o fez em outros momentos decisivos de sua vida. Na oração ele tem a clareza da vontade de Deus para com Ele e sua identidade filial. 

10. Pela oração, compreendemos que nunca chegaremos a contemplação do rosto do Senhor, como é a busca de oração do nosso salmista, se Deus mesmo não nos ajudar.

11. Peçamos ao Senhor a força e a sabedoria de seguirmos a Jesus, que contemplado aquele que foi ferido, sejamos capazes de vencer as tentações e os medos que vêm de nós e do mundo.

Pe. João Bosco Vieira Leite