Sexta, 14 de junho de 2019


(2Cor 4,7-15; Sl 115[116B]; Mt 5,27-32) 
10ª Semana do Tempo Comum.

“Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo, todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la já cometeu adultério com ela no seu coração” Mt 27-28.

“A história registra momentos em que o destino de povos inteiros foi decidido, para o bem ou para o mal, por causa do amor de mulher. Por causa de Helena se fez a guerra de Tróia; Ana Bolena está na raiz de um cisma que deu origem à Igreja de Anglicana; [...]. Mesmo na Bíblia temos casos como o do Rei Davi que promove a morte de Urias, ou Herodes que pede a cabeça de João Batista, instigado por sua amante Herodíades. Também é certo que na fidelidade de Sara, Ester, Judite, o povo de Israel encontra o seu caminho de salvação. Figura entre os Dez Mandamentos um especialmente voltado para a solidez e a perenidade do laço de amor. Entrega-se assim o ser humano sem meias medidas ao amor. Preserva-se da inconsistência e da insanidade da paixão sem medida. Hipócrita civilização a nossa, que condena o adultério, o homicídio e a guerra, mas induz à cobiça, enaltece a cobiça, lucra com a cobiça. Desde cedo se treinam as crianças para conquistar um brinquedo, os jovens para conquistar uma mulher, os adultos para conquistar o mundo. Na nova lei não é só o gesto que conta. O simples olhar, um olhar de cobiça, já denuncia o pecado que está no coração. A intuição é a de que o olhar de cobiça está na raiz do gesto que adultera a relação humana, que leva a matar aquele que se interpõe entre o olhar e o objeto da cobiça, que leva à guerra. – Senhor, são bem-aventurados os puros de coração. Dai-nos um coração que saiba respeitar integralmente, servir gratuitamente, conviver com liberdade. Um coração capaz de construir uma outra história, aquela do amor e da vida. Amém  (João Bosco Barbosa – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite