(2Cor 4,7-15; Sl 115[116B]; Mt 5,27-32)
10ª Semana do Tempo Comum.
“Ouvistes o que foi
dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo, todo aquele que olhar
para uma mulher com o desejo de possuí-la já cometeu adultério com ela no seu
coração” Mt 27-28.
“A história registra
momentos em que o destino de povos inteiros foi decidido, para o bem ou para o
mal, por causa do amor de mulher. Por causa de Helena se fez a guerra de Tróia;
Ana Bolena está na raiz de um cisma que deu origem à Igreja de Anglicana; [...].
Mesmo na Bíblia temos casos como o do Rei Davi que promove a morte de Urias, ou
Herodes que pede a cabeça de João Batista, instigado por sua amante Herodíades.
Também é certo que na fidelidade de Sara, Ester, Judite, o povo de Israel
encontra o seu caminho de salvação. Figura entre os Dez Mandamentos um
especialmente voltado para a solidez e a perenidade do laço de amor. Entrega-se
assim o ser humano sem meias medidas ao amor. Preserva-se da inconsistência e
da insanidade da paixão sem medida. Hipócrita civilização a nossa, que condena
o adultério, o homicídio e a guerra, mas induz à cobiça, enaltece a cobiça,
lucra com a cobiça. Desde cedo se treinam as crianças para conquistar um
brinquedo, os jovens para conquistar uma mulher, os adultos para conquistar o
mundo. Na nova lei não é só o gesto que conta. O simples olhar, um olhar de
cobiça, já denuncia o pecado que está no coração. A intuição é a de que o olhar
de cobiça está na raiz do gesto que adultera a relação humana, que leva a matar
aquele que se interpõe entre o olhar e o objeto da cobiça, que leva à guerra.
– Senhor, são bem-aventurados os puros de coração. Dai-nos um coração
que saiba respeitar integralmente, servir gratuitamente, conviver com
liberdade. Um coração capaz de construir uma outra história, aquela do amor e
da vida. Amém” (João Bosco Barbosa – Graças a Deus [1995] –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite