Sábado, 22 de junho de 2019


(2Cor 12,1-10; Sl 33[34]; Mt 6,24-34) 
11ª Semana do Tempo Comum.

“Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem nem ajuntam em armazéns.
No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros?” Mt 6,26.

“Alguém disse que aquilo que somos é um presente de Deus para nós e aquilo que nos tornamos é nosso presente para Deus. É verdade que Deus dá a você e a mim a madeira para construir nossa vida e oferece ajuda para edificar com ela uma catedral de amor e louvores. Nessa questão, tenho de enfrentar minha responsabilidade óbvia. Ou vou usar esse material que recebi como um degrau, ou ele se tornará pedra no meu caminho. Usando outra analogia, todos os dias Deus me dá novas peças para encaixar nesse quebra-cabeça gigantesco que é a minha vida. Algumas delas são pontiagudas e dolorosas. Outras são opacas e sem graça. Só Deus, que planejou e viu de antemão o quadro completo de minha vida, conhece a beleza que poderá surgir quando todas as peças se juntarem. Só contemplarei essa beleza depois de colocar a última peça no lugar, a peça da minha morte. Não há como chegar a uma compreensão teológica satisfatória quando se considera apenas esta vida e este mundo que conhecemos. O contexto de uma vida infinita, eterna deve ser o pano de fundo de minha exploração cristã do sofrimento. O que acontece nesta vida, neste mundo, nunca vai fazer sentido para a mente perscrutadora. Não há justiça aparente, nem distribuição igualitária de bênçãos. Mas os cristãos sempre acreditaram que esta vida é apenas um ponto em uma linha infinita de nossa existência que leva do agora para o sempre. Como Jó, não tenho todas as respostas. Afinal de contas, onde estava eu quando Deus fez o mundo? Mas tenho algum entendimento do que é a confiança. E confio realmente no Deus do amor que é meu Pai. Tenho certeza de que você já esteve numa situação dessas, quando teve de pedir a outra pessoa para confiar em você. Lembra-se quando você não tinha realmente como explicar? Teve de pedir um ato de fé. De alguma forma, a meu ver, nesta questão do sofrimento, Deus está exatamente na mesma posição em relação a nós. O grande e infinito Deus pede a você e a mim, tão limitados e finitos: ‘Será que você poderia – será que vai – confiar em mim?’” (John Powell – As Estações do Coração – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite