Sexta, 25 de janeiro de 2019


(At 22,3-16; Sl 116[117]; Mc 16,15-18) 
Conversão de São Paulo.

“E disse-lhes: ‘Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura!’” Mc 16,10.

“Os padres da Igreja dizem que todo fiel é um ‘homem apostólico’ ao seu modo... quer dizer ele viva simplesmente, mas plenamente a sua fé, quer ele coloque inabalavelmente ao seu termo. Sim, é preciso dizê-lo e repeti-lo incessantemente, esta vocação não é a expressão de um romantismo místico, mas a obediência no sentido mais direto e mais realista do Evangelho. Tornar-se o homem novo depende da decisão imediata e firme de nosso espírito, de nossa fé que diz ‘sim’ simplesmente, humildemente, e segue o Cristo na alegria: então tudo é possível, e os milagres se realizam... Uma atitude de silêncio recolhido, de humildade, mas também uma ternura apaixonada: os santos diziam que é preciso amar a Deus como se ama sua noiva; é preciso ler a Bíblia como um jovem lê a carta de sua bem-amada: ela foi escrita para mim (S. Kierkegard). Maravilhado pela existência de Deus, o homem novo é também um pouco louco da loucura de que fala São Paulo: é o humor tão marcante dos ‘loucos pelo Cristo’ que é o único capaz de quebrar a seriedade pesada dos doutrinários. O homem novo é, finalmente, um homem que sua fé liberta do ‘grande medo do século XX’: medo da bomba, medo do câncer, medo da morte. É um homem cuja fé é sempre uma certa maneira de amar o mundo seguindo o Senhor até a descida aos infernos. Ser um homem novo é ser aquele que, por toda a vida, pelo que já está presente nele, anuncia Aquele que vem. É ser também aquele que, segundo S. Gregório de Nysse, cheio de ‘sóbria embriagues’ clama a todo transeunte: ‘Vem e bebe’. O cristianismo, religião do absolutismo novo, é ‘explosivo’: no Reino de César, nos foi ordenado procurar o Reino de Deus. Um dos sinais mais certos da aproximação do Reino é a unidade do mundo cristão: é preciso meditar as palavras do Papa Paulo VI e de Atenágoras sobre a caridade fraterna ‘engenhosa em encontrar novas maneiras de manifestar’, pois o mundo cristão ‘viveu na noite negra da separação, os olhos estão cansados de ter o olhar mergulhado na noite’” (P. Evdokimov – Amour fou de Dieu – Editora Beneditina Ltda.).

 Pe. João Bosco Vieira Leite