Segunda, 21 de janeiro de 2019


(Hb 5,1-10; Sl 109[110]; Mc 2,18-22) 
2ª Semana do Tempo Comum.

Retomando as nossas reflexões nessa primeira etapa do Tempo Comum, vamos aproveitar para conhecer um pouco melhor o evangelho de Marcos. Vou recolher do autor Anselm Grun alguns pontos que possam iluminar a nossa compreensão (já o fizemos em anos anteriores, vamos acrescentar novos comentários), juntamente com algum comentário do evangelho do dia. Espero que seja proveitoso para esse maior conhecimento dos textos sagrados.
 “Marcos menciona constantemente a ocorrência de controvérsias entre Jesus e os fariseus. Mesmo assim, o confronto ainda não recebe o mesmo destaque que terá depois no Evangelho de Mateus, que expressa sobretudo o relacionamento entre cristãos e fariseus depois da queda de Jerusalém no ano 70. Os fariseus tinham boa aceitação entre o povo porque se dedicavam ao desenvolvimento de uma religiosidade leiga. Davam mais importância aos mandamentos de Deus do que aos sacrifícios dos sacerdotes. Com suas normas pretendiam aplicar os mandamentos de Deus na vida concreta. Isso onerava as pessoas muitas vezes com novas obrigações. Em muitas questões, Jesus revelava uma certa afinidade com os fariseus. Por outro lado, fazia questão de distanciar-se deles em muitos aspectos. Recriminava em sua religiosidade a importância dada às aparências e ao desempenho em forma de obras” (Anselm Grun – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

“Os discípulos de João batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: ‘Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam e os teus discípulos não jejuam?” (Mc 2,18-22).

“Um exemplo da controvérsia com os fariseus é a questão do jejum. Os discípulos de João e os fariseus jejuavam regularmente nas segundas e quintas-feiras e em certos dias de jejum previstos no calendário anual. Os discípulos de Jesus não jejuavam. Nesse ponto distinguiam-se dos demais. Jesus pergunta aos questionadores: ‘Podem os convidados às núpcias jejuar enquanto está com eles o esposo? (2,19). Nessa passagem manifesta-se o conceito que Jesus tem de si mesmo e a imagem que tem de Deus. Jesus não é um asceta que renuncia a todas as alegrias. Marcos coloca essa controvérsia com os fariseus logo depois da cena que Jesus está à mesa com o coletor de impostos e os pecadores. Nessa ocasião Jesus dispensa a advertência aos pecadores para que se convertam. Ceia com eles. Fala-lhes do amor de Deus. A experiência desse amor os transforma. Jesus se sente no papel do noivo que anuncia aos homens a proximidade de Deus e os convida a celebrar com ele o amor de Deus. Ele  convoca as pessoas ao casamento com Deus que quer unir-se aos homens. E, quando Deus se une ao ser humano, este também se concilia consigo mesmo”(Anselm Grun – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite