(Hb 5,1-10; Sl 109[110]; Mc 2,18-22)
2ª Semana do Tempo Comum.
Retomando as nossas reflexões nessa
primeira etapa do Tempo Comum, vamos aproveitar para conhecer um pouco melhor o
evangelho de Marcos. Vou recolher do autor Anselm Grun alguns pontos que possam
iluminar a nossa compreensão (já o fizemos em anos anteriores, vamos
acrescentar novos comentários), juntamente com algum comentário do evangelho do
dia. Espero que seja proveitoso para esse maior conhecimento dos textos
sagrados.
“Marcos
menciona constantemente a ocorrência de controvérsias entre Jesus e os
fariseus. Mesmo assim, o confronto ainda não recebe o mesmo destaque que terá
depois no Evangelho de Mateus, que expressa sobretudo o relacionamento entre
cristãos e fariseus depois da queda de Jerusalém no ano 70. Os fariseus tinham
boa aceitação entre o povo porque se dedicavam ao desenvolvimento de uma
religiosidade leiga. Davam mais importância aos mandamentos de Deus do que aos
sacrifícios dos sacerdotes. Com suas normas pretendiam aplicar os mandamentos
de Deus na vida concreta. Isso onerava as pessoas muitas vezes com novas
obrigações. Em muitas questões, Jesus revelava uma certa afinidade com os
fariseus. Por outro lado, fazia questão de distanciar-se deles em muitos
aspectos. Recriminava em sua religiosidade a importância dada às aparências e
ao desempenho em forma de obras” (Anselm Grun – Jesus,
Caminho para a Liberdade – Loyola).
“Os discípulos de
João batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: ‘Por
que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam e os teus
discípulos não jejuam?” (Mc 2,18-22).
“Um exemplo da
controvérsia com os fariseus é a questão do jejum. Os discípulos de João e os
fariseus jejuavam regularmente nas segundas e quintas-feiras e em certos dias
de jejum previstos no calendário anual. Os discípulos de Jesus não jejuavam.
Nesse ponto distinguiam-se dos demais. Jesus pergunta aos questionadores:
‘Podem os convidados às núpcias jejuar enquanto está com eles o esposo? (2,19).
Nessa passagem manifesta-se o conceito que Jesus tem de si mesmo e a imagem que
tem de Deus. Jesus não é um asceta que renuncia a todas as alegrias. Marcos
coloca essa controvérsia com os fariseus logo depois da cena que Jesus está à
mesa com o coletor de impostos e os pecadores. Nessa ocasião Jesus dispensa a
advertência aos pecadores para que se convertam. Ceia com eles. Fala-lhes do
amor de Deus. A experiência desse amor os transforma. Jesus se sente no papel
do noivo que anuncia aos homens a proximidade de Deus e os convida a celebrar
com ele o amor de Deus. Ele convoca as
pessoas ao casamento com Deus que quer unir-se aos homens. E, quando Deus se
une ao ser humano, este também se concilia consigo mesmo”(Anselm Grun – Jesus,
Caminho para a Liberdade – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite