Quarta, 02 de janeiro de 2019

(1Jo 2,22-28; Sl 97[98]; Jo 1,19-28) 
Tempo do Natal.

“Este foi o testemunho de João quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: ‘Quem és tu?’” Jo 1,19.

“A mais importante de todas as percepções está na maneira de ver a si mesmo. Há uma história no folclore dos índios norte-americanos que ilustra bem essa verdade. Segundo a lenda, um bravo guerreiro índio descobriu um ovo de águia que, de alguma forma, caíra do ninho sem se quebrar. Não conseguindo encontrar o ninho da águia, o guerreiro colocou o ovo no ninho de uma galinha-das-pradarias, onde foi chocado. O filhote de ave, com seus olhos proverbialmente potentes, viu o mundo pela primeira vez. Observando as galinhas-das-pradarias, fazia tudo quanto elas faziam. Andava no chão e esgravatava a terra, ciscando aqui e ali à procura de sementes e de cascas soltas, e de vez em quando batia as asas, elevava-se alguns centímetros acima do solo e descia outra vez. Aceitava e imitava a rotina cotidiana daquelas aves terrestres. Então, um belo dia, outra águia passou voando pelas galinhas-das-pradarias. A águia de nossa história, agora já envelhecendo, mas que ainda pensava ser uma galinha-das-pradarias, ergueu os olhos com assombrada admiração, enquanto o grande pássaro voava muito, muito alto. ‘O que é aquilo?’, perguntou com a voz entrecortada de espanto. Uma das velhas galinhas-das-pradarias respondeu: ‘Já vi antes. É a águia, a mais orgulhosa, a mais forte, a mais magnifica de todas as aves. Mas não se atreva sequer a sonhar que você poderia ser como ela. Você é como todas nós aqui, e nós somos galinhas-das-pradarias’. E assim, prisioneira dessa crença, a águia viveu e morreu pensando ser uma galinha-das-pradarias. Nossa vida é moldada pela forma com que nos vemos. As atitudes importantíssimas a partir das quais percebemos e avaliamos nossa pessoa dizem quem somos e descrevem o comportamento apropriado para nós. Vivemos e morremos de acordo com nossa auto percepção (John Powell – As Estações o Coração – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite