Tempo do Natal.
“Este foi o
testemunho de João quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas
para perguntar: ‘Quem és tu?’” Jo 1,19.
“A mais importante de
todas as percepções está na maneira de ver a si mesmo. Há uma história no
folclore dos índios norte-americanos que ilustra bem essa verdade. Segundo a
lenda, um bravo guerreiro índio descobriu um ovo de águia que, de alguma forma,
caíra do ninho sem se quebrar. Não conseguindo encontrar o ninho da águia, o
guerreiro colocou o ovo no ninho de uma galinha-das-pradarias, onde foi
chocado. O filhote de ave, com seus olhos proverbialmente potentes, viu o mundo
pela primeira vez. Observando as galinhas-das-pradarias, fazia tudo quanto elas
faziam. Andava no chão e esgravatava a terra, ciscando aqui e ali à procura de
sementes e de cascas soltas, e de vez em quando batia as asas, elevava-se
alguns centímetros acima do solo e descia outra vez. Aceitava e imitava a
rotina cotidiana daquelas aves terrestres. Então, um belo dia, outra águia
passou voando pelas galinhas-das-pradarias. A águia de nossa história, agora já
envelhecendo, mas que ainda pensava ser uma galinha-das-pradarias, ergueu os
olhos com assombrada admiração, enquanto o grande pássaro voava muito, muito
alto. ‘O que é aquilo?’, perguntou com a voz entrecortada de espanto. Uma das
velhas galinhas-das-pradarias respondeu: ‘Já vi antes. É a águia, a mais
orgulhosa, a mais forte, a mais magnifica de todas as aves. Mas não se atreva
sequer a sonhar que você poderia ser como ela. Você é como todas nós aqui, e
nós somos galinhas-das-pradarias’. E assim, prisioneira dessa crença, a águia
viveu e morreu pensando ser uma galinha-das-pradarias. Nossa vida é moldada
pela forma com que nos vemos. As atitudes importantíssimas a partir das quais
percebemos e avaliamos nossa pessoa dizem quem somos e descrevem o
comportamento apropriado para nós. Vivemos e morremos de acordo com nossa auto
percepção (John Powell – As Estações o Coração – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite