Terça, 25 de dezembro de 2018


(Is 52,7-10; Sl 97[98]; Hb 1,1-6; Jo 1,1-5.9-14) 
Natal do Senhor – Missa do Dia.

“E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade” Jo 1,14.

“É em todos os dias e em todos os tempos que se apresenta ao espírito dos fiéis que meditam as coisas de Deus, a vinda de nosso Senhor e Salvador, nascido de uma virgem mãe. Seu coração se eleva assim ao louvor do seu Criador e – tanto no meio das lágrimas de súplica, como nas exaltações do louvor e da oblação do sacrifício – nada há em que ele, com mais frequência e fé, fixe seu olhar espiritual do que no fato de Deus, Filho de Deus, gerado por um Pai que lhe é coeterno, ter nascido também de um parto humano. Contudo, nenhum outro dia mais do que o do Natal nos convida a contemplar esse nascimento que deve ser adorado no céu e na terra... Sem dúvida, o estado de infância, que o Filho de Deus não considerou indigno de sua majestade, se transformou, com a idade, no estado de homem feito e, uma vez consumado o triunfo da paixão e ressurreição, terminaram todos os atos derivados de seu abaixamento por nós. Entretanto, a festa do Natal renova, para nós, a vinda de Jesus no mundo, nascendo da Virgem Maria. E enquanto adoramos o nascimento do Cristo é a origem do povo cristão, e o aniversário do nascimento da cabeça é também do corpo. Embora cada qual seja chamado por sua vez e todos os filhos da Igreja se sucedam nas diferentes épocas, no entanto a totalidade dos fiéis saídos da fonte batismal, - assim como foi crucificada com Cristo em sua paixão, ressuscitou na ressurreição, e foi colocada à direita do Pai, em sua ascensão, também nasceu com ele em sua natividade. Em qualquer região do mundo em que se encontre, todo crente regenerado rompe com a velhice original e, renascendo, se torna um homem novo. Doravante, já não faz parte da descendência de seu pai segundo a carne, mas da raça do Salvador, que se fez filho do homem para que possamos ser filhos de Deus. Pois, se ele não houvesse descido a nós por seu abaixamento, ninguém chegaria a ele por seus próprios méritos. Aqueles, pois, que foram gerados, não pela vontade da carne ou pela vontade do homem, mas por Deus (cf. Jo 1,13), ofereçam ao Pai a concórdia de filhos cheios do desejo da paz; e todos os membros da família de adoção voltem ao verdadeiro caminho no Primogênito da nova criação, o qual não veio fazer a sua vontade, mas a daquele que o enviou. Pois a graça do Pai adotou como herdeiros, não a homens de discórdia e de oposição, mas aos que partilham dos mesmos sentimentos e do mesmo amor. Os que são de novo plasmados segundo a imagem única, devem ter o coração unânime. O nascimento do Senhor é o nascimento da paz. Com efeito diz o apóstolo: “Ele é que é a nossa paz, ele que de dois povos fez um só’ (Ef 2,14). Quer sejamos judeus ou pagãos, por ele é que temos acesso ao Pai, num só Espírito (Ef 2,18)” (S. Leão Magno – VI Sermão para o Natal – Editora Beneditina Ltda.)

 Pe. João Bosco Vieira Leite