(Eclo 3,3-7.14-17a; Sl 127[128]; Cl 3,12-21; Lc 2,41-52).
1. No mistério do Natal não ficamos na
simples contemplação dessa entrada de Jesus no mundo, ou no dizer de João
evangelista, de novo modo de se fazer presença. Em cada cena de sua infância se
esconde o mistério de toda uma vida que precisamos prestar atenção.
2. O evangelho do ano C pode ser lido
de diversos ângulos, por exemplo, num tom mais familiar, olhando a obediência
de Jesus a seus pais, mesmo que esses não o compreendam, e assim fazer uma
ligação com os textos que precedem o evangelho e tocam na questão das relações
e da caridade vivida entre os membros de uma família ou comunidade de fé.
3. Talvez pudéssemos considerar o fato
do Menino desde já demonstrar-se bastante prodigioso. Mas tudo isso nos
deixaria na superfície, pois o verdadeiro significado do episódio está na
revelação da identidade de Jesus e do caminho que Ele deveria percorrer.
4. É no diálogo entre a Mãe e o Filho
que vamos encontrar tal significado. Enquanto Maria pensa em José como pai de
Jesus, Jesus pensa em seu Pai, o próprio Deus. Nesse contraste significativo,
Jesus revela e a firma a sua divindade e a sua obediência sem reserva a Deus e
nas coisas que Lhe diziam respeito.
5. Seus pais não entenderam, nos diz
Lucas, e certamente não poderiam entender o que se revelaria tempos depois.
Esse ‘devo estar na casa do Meu Pai’, na Sua presença ou em obediência, só se
revelará na Cruz.
6. É nessa incompreensão que se abre
para Maria o espaço do caminho na fé. Se Isabel a reconhece como aquela que
acreditou, ela é também aquela que não compreende. E aqui não há contradição.
Lucas sabe que a fé não barra o caminho, mas abre-o.
7. Sabemos que a vida de Maria foi uma
espécie de passagem da maternidade para o discipulado, de uma maternidade
física para uma maternidade vivida cada vez mais espiritualmente. Sua
maternidade foi um processo em constante evolução. Assim ela parece como modelo
de uma fé firme e inspiradora, em meio as mudanças.
8. Como qualquer crente e qualquer
discípulo, ela teve que fazer um itinerário, nos lembra o Vaticano II, seguindo
o próprio Filho, descobrindo-O entre a glória e a fraqueza. Não haveria um
outro modo de conhecer realmente quem era Aquele garoto que se revelava com
ares de mestre.
9. Não podemos esquecer que “a fé não
exige que se compreenda tudo imediatamente, mas que se conserve tudo, como fez
Maria. Não se podem conservar algumas palavras de Jesus e outras não, alguns
gestos e outros não.
10. Não bastam milagres para
compreender quem é Jesus, nem bastam os discursos, nem basta a Cruz por si só.
O mistério revela-se a partir do conjunto, não de pormenores isolados. A
história de Jesus deve conservar-se na sua integridade, senão corre-se o risco
de não se compreender” (Giuseppe Casarim – Lecionário Comentado –
Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite
Oração- Festa da Sagrada Família
Santa Maria de um amor maior,
Do tamanho do Menino que levas ao colo,
Diante de ti me ajoelho e esmolo
A graça de um lar unido ao teu redor.
Protege, senhora, as nossas famílias,
Todos os casais, os filhos e os pais,
E enche de alegria, mais e mais e mais,
Todos os seus dias, manhãs, tardes,
noite e vigílias.
Vela, senhora, por cada criança,
Por cada mãe, por cada pai, por cada
irmão,
A todos os velhinhos, Senhora, dá a
mão,
E deixa em cada rosto um afago de
esperança.
Amém!