(Mq 5,1-4; Sl 79[80]; Hb 10,5-10; Lc 1,39-45)
1. O texto de Miquéias que nos é
oferecido como abertura de nossa liturgia da Palavra nos situa na promessa de
um novo rei Davi, depois de um tempo de sofrimento e de angústia, a partir
desse lugar de onde veio o próprio Davi, contra todas as previsões; é próprio
de Deus surpreender.
2. Mateus leu e interpretou esse texto
como uma referência ao nascimento de Jesus, o príncipe da paz. O tempo de
sofrimento que precede à intervenção divina é cantado em nosso salmo, nessa
lamentação coletiva, onde o Senhor aparece como Pastor e Vinhateiro, imagens
carregadas de cuidados.
3. Deus surpreende, chegando a nós
através do homem Jesus, que faz de Sua vida o único e verdadeiro sacrifício,
numa atitude de entrega absoluta, deixando para trás os antigos sacrifícios.
Assim, a nova dinâmica será a nossa capacidade de obediência a Deus que se
espelha em Cristo Jesus.
4. Nascimento profetizado, estilo de
vida apresentado, o evangelho recua no tempo para nos falar da mãe de Jesus,
inserida na história da salvação. O encontro de Maria com Isabel, deixa
entrever um pouco desse mistério, como vento que se lança sobre a cortina que
esconde o outro lado...
5. Lucas nos leva a esse momento de
encontro entre o Antigo e o Novo Testamento, falando dessas duas crianças que
ainda devem nascer, que se reconhecem no ventre materno, e trazem consigo o
selo da intervenção de Deus na história humana. Estamos diante de uma página
teológica.
6. Isabel se torna aquela que primeiro
acolhe essa novidade ao tempo que reconhece em Maria a mulher abençoada e
feliz, pois está participando de maneira essencial no projeto de Deus. As
duas dizem sim, representando toda uma humanidade desejosa de justiça, paz e
esperança, com todos os riscos ou implicações.
7. Como Maria, precisamos também nos
apressar, fazer essa ‘viagem’ movidos por Aquele que nos envolve em seu
mistério. Como os Magos do Oriente, perseguiremos essa Estrela capaz de
iluminar a nossa vida, dando-lhe um novo sentido. São alegrias assim, de
caráter espiritual, que vamos celebrar. Amém.
Pe. João Bosco Vieira Leite