(Is 40,1-11; Sl 95[96]; Mt 18,12-14)
2ª Semana do Advento.
“Que vos parece? Se
um homem tem cem ovelhas e uma delas se perde, não deixa as noventa e nove nas
montanhas, para procurar aquela que se perdeu?” Mt 18,12.
“Não faz muito tempo,
uma senhora francesa ‘desafogou-se’ nas colunas de um jornal: ‘Compreendo os padres
que deixam a ovelha fiel para ir em busca das noventa e nove que se
extraviaram. Mas, no voltar, o pastor, não poderia, ao menos, brindar com um
sorriso aquela que ficou no redil? Um sorriso que quereria dizer: ‘Tu estás
aqui: amo-te muito e não te esqueço’. Sorriso que reconfortaria e ajudaria a
suportar as próprias aflições. De fato, apesar das aparências em contrário,
esta ovelha que pode parecer satisfeita, tem necessidade do pastor. Sofre ao
ver-se abandonada. Custaria tão pouco. Um sorriso. Mas seria tudo’. Gostaria de
responder a esta senhora atormentada: e seria fidelidade, esta? Por acaso,
seria fidelidade permanecer naquelas condições, enquanto as noventa e nove
estão extraviadas (também por culpa nossa)? Enquanto que o pastor trilha todos os
caminhos e examina todos os espinheiros buscando-as? Não tenha dúvidas de que o
pastor lhe dará um sorriso, não quando a verá na volta, no quentinho protegido
do redil, mas quando a encontrar ao seu lado, empenhada na mesma aventura da
busca, comprometida no mesmo risco da recuperação. Não digamos isso aos
filósofos e aos teólogos porque eles imediatamente exigiriam explicações.
Digamo-lo só entre nós. O nosso Deus, se o pecador converter-se, faz festa no
céu. Deixemos o irmão mais velho que fique remoendo seu azedume. Não o digamos
aos fariseus, porque isto não está previsto em seus áridos códigos. Ser cristão
quer dizer esforçar-se de mil maneiras para aumentar a indescritível festa de
Deus. O permanecer no seguro, em certos casos, pode tornar-se um pecado” (A. Pronzato
– Evangelhos que Incomodam – Paulinas).
Pe. João Bosco Vieira Leite