Sábado, 22 de dezembro de 2018


(1Sm 1,24-28; Sl 1Sm 2; Lc 1,46-56) 
3ª Semana do Advento.

“Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias” Lc 1,53.

“O magnificat é o espelho da alma de Maria. ‘Neste poema conquista o seu cume a espiritualidade dos ‘pobres de Javé’ e o profetismo da antiga Aliança. ‘É o cântico que anuncia o novo Evangelho de Cristo. É o prelúdio do Sermão da Montanha’ (Puebla 297). Maria, a primeira cristã, é também a primeira revolucionária da nova ordem. A Igreja, da qual Maria é figura, não pode proclamar a boa-nova da Salvação sem concretizar ao mesmo tempo o amor de Deus na defesa da justiça, dos pobres, dos famintos. A Igreja é serva do Senhor, como Maria, quando é pobre como ela, quando com eles sua libertação. João Paulo II foi muito feliz quando definiu o Magnificat como ‘o hino da opção preferencial pelos pobres’. Nele Maria se manifesta como modelo para os que não aceitam passivamente as circunstâncias adversas da vida pessoal e social, nem são vítimas da alienação, mas, ao contrário, proclamam que ‘o Senhor mostrou o poder se seu braço e dispersou os que se orgulham de seus planos; derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes; encheu de bens os famintos e aos ricos despediu de mãos vazias’ (Lc 1,51-53). A partir do profeta Sofonias, sobretudo durante o longo exílio na Babilônia, desenvolve-se entre os judeus a espiritualidade dos ‘pobres de Javé’, daqueles que, não tendo mais o que esperar dos homens, entrega-se por inteiro nas mão de Deus, cria vulto a teologia do ‘resto de Israel’ – aquela pequena porção da população que se mantém integralmente fiel a Deus e às suas promessas: ‘Deixarei em teu seio um povo pobre e humilde, eles procurarão refúgio no nome do Senhor: o resto de Israel’ (Sf 3,12). - Senhor, Maria e vosso Filho ingressaram voluntariamente na escola dos ‘pobres de Javé’. Colocai-nos também nela, pois temos muito a aprender. Amém (Geraldo Araújo Lima – Graças a Deus (1995) – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite