(1Sm 1,24-28; Sl 1Sm 2; Lc 1,46-56)
3ª Semana do Advento.
“Encheu de bens os
famintos e despediu os ricos de mãos vazias” Lc 1,53.
“O magnificat é o
espelho da alma de Maria. ‘Neste poema conquista o seu cume a espiritualidade
dos ‘pobres de Javé’ e o profetismo da antiga Aliança. ‘É o cântico que anuncia
o novo Evangelho de Cristo. É o prelúdio do Sermão da Montanha’ (Puebla 297).
Maria, a primeira cristã, é também a primeira revolucionária da nova ordem. A
Igreja, da qual Maria é figura, não pode proclamar a boa-nova da Salvação sem
concretizar ao mesmo tempo o amor de Deus na defesa da justiça, dos pobres, dos
famintos. A Igreja é serva do Senhor, como Maria, quando é pobre como ela,
quando com eles sua libertação. João Paulo II foi muito feliz quando definiu o
Magnificat como ‘o hino da opção preferencial pelos pobres’. Nele Maria se
manifesta como modelo para os que não aceitam passivamente as circunstâncias
adversas da vida pessoal e social, nem são vítimas da alienação, mas, ao
contrário, proclamam que ‘o Senhor mostrou o poder se seu braço e dispersou os
que se orgulham de seus planos; derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou
os humildes; encheu de bens os famintos e aos ricos despediu de mãos vazias’
(Lc 1,51-53). A partir do profeta Sofonias, sobretudo durante o longo exílio na
Babilônia, desenvolve-se entre os judeus a espiritualidade dos ‘pobres de
Javé’, daqueles que, não tendo mais o que esperar dos homens, entrega-se por
inteiro nas mão de Deus, cria vulto a teologia do ‘resto de Israel’ – aquela
pequena porção da população que se mantém integralmente fiel a Deus e às suas promessas:
‘Deixarei em teu seio um povo pobre e humilde, eles procurarão refúgio no nome
do Senhor: o resto de Israel’ (Sf 3,12). - Senhor, Maria e vosso Filho
ingressaram voluntariamente na escola dos ‘pobres de Javé’. Colocai-nos também
nela, pois temos muito a aprender. Amém” (Geraldo Araújo Lima – Graças
a Deus (1995) – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite