(At 6,8-10; 7,54-59; Sl 30[31]; Mt 10,17-22)
Oitava de Natal –
Santo Estêvão.
“Porém não
conseguiram resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava” At 6,10.
“Propondo-se a narrar
‘os atos dos apóstolos’, Lucas terminou deixando oito dos doze apóstolos no
completo ostracismo, mencionando lhes apenas os nomes. No entanto, dedicou dois
capítulos (6 e 7) para contar a história do diácono Estêvão. Por que tal
disparidade? Não podendo abordar todos os personagens que tomam parte da sua
narração, Lucas optou por seguir o método seletivo de amostragem. Pedro é uma
amostra; são-no igualmente Paulo e Estêvão. Este último, de modo especial,
é-nos apresentado como uma cópia fiel do modelo- Cristo. Frases e
atitudes de Jesus, que à primeira vista parecem fora da laçada de qualquer ser
humano, acabam por encontrar no jovem diácono a sua plena realização, provando
assim que o Evangelho é perfeitamente viável. Momentos antes de sua ascensão ao
céu, Jesus afirmou que seus discípulos haveriam de receber uma força, o
Espírito Santo, com o qual eles seriam testemunhas em Jerusalém e em todo o
mundo. Aí está Estêvão para mostrar que isto é verdade. Bem antes de morrer,
Jesus alertara os seus para não se preocuparem muito com sua defesa nos
momentos de perseguição, pois ‘Eu é vos darei respostas tão sábias, a que não
poderá resistir nem contradizer nenhum dos adversários’ (Lc 21,15). E aí está
Estêvão para atestar a veracidade da profecia. Pregado na cruz, Jesus suplica
ao Pai que perdoe seus algozes ‘porque não sabem o que fazem’ (Lc 23,24). É o
que faz Estêvão ao ser apedrejado: “Senhor, não lhes deves levar em conta este
pecado’ (At 7,59). – Senhor Jesus, depois de Estêvão nenhum de nós poderá
escusar-se, dizendo que o vosso Evangelho é impossível. De fato, Estêvão é a
assinatura humana do vosso projeto divino. Amém” (Geraldo Araújo
Lima – Graças a Deus (1995) – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite