Sexta, 28 de janeiro de 2018


(1Jo 1,5—2,2; Sl 123[124]; Mt 2,13-18) 
Oitava de Natal – Santos Inocentes.

“Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos” Mt 2,17.

“A matança dos inocentes de Belém tem comovido o mundo cristão há séculos. Poetas, pintores, cineastas e pregadores têm-se debruçado sobre o triste episódio e dele extraído suculento material para suas obras. O próprio Mateus parece comovido ao evocar o pranto maternal de Raquel, ‘que chora os filhos, e não quer consolar-se, porque os perdeu’ (Mt 2,18). Efetivamente, a poucos quilômetros de Belém, encontra-se o túmulo da esposa amada de Jacó, mãe de José do Egito e Benjamim. Os restos mortais da velha matriarca parecem abalados com o hediondo crime. Tudo se podia esperar da crueldade de Herodes, que já havia assassinado a esposa Mariana e três filhos, por enxergar neles possíveis concorrentes ao trono. Por conseguinte, matar 20 ou trinta meninos não significava nada para ele. Aliás, o que significa isto para o nosso mundo, tão evoluído e civilizado? Quem se comove com os três milhões de abortos que são praticados anualmente só no Brasil? Que diferença há entre matar um garotinho recém-nascido e um outro ainda por nascer? Quem se comove com a terrível mortalidade infantil, que tanto envergonha o nosso país no cenário mundial? É uma pena que poetas, pintores, cineastas e pregadores não se debrucem mais sobre estes e outros descalabros do mundo moderno e deles extraiam fartos materiais para suas obras! Cada criança que deixa de nascer é um sorriso que deixa de acontecer. Cada vez que se perde um sorriso de criança é um degrau mais que se desce na escada da degradação moral. – Senhor Jesus, quiseram matar-vos quando ainda éreis bem pequeno. Recordai-nos sempre que ‘todas as vezes que o fizermos a um desses pequeninos é a vós que o fazemos’ (Mt 25,40). Amém”  (Geraldo Araújo Lima – Graças a Deus (1995) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite