Imaculada Conceição de Maria


(Gn 3,9-15.20; Sl 97[98]; Ef 1,3-6.11-12; Lc 1,26-38)

1. Ao longo de nossa caminhada cristã já ouvimos abordagens diversas sobre Maria. Por vezes, o desejo de exaltar a Virgem acaba por gerar um desânimo em quem a toma por modelo de vida cristã. Tal exaltação pode fazê-la estranha ao nosso mundo.

2. A festa de hoje a indica como uma mulher absolutamente inimitável por uma graça divina, que ela não pediu, mas recebeu como dom. A pergunta é: por que a outros Deus não concedeu o mesmo dom?

3. Com certa facilidade, por todo embelezamento dado à Virgem, esquecemos que Maria, como cada um de nós, travou uma luta interior contra o mal, enfrentando as mesmas dificuldades e tentações que nós. A diferença é que nela Deus encontrou uma disponibilidade plena para a realização do seu plano de Salvação.

4. Se ela é chamada de ‘cheia de graça’, é porque Deus estava a lhe pedir algo particular, e não para que se sentisse privilegiada. Afinal, Deus não concede um dom que não seja em função da vida e dos outros.  Em Maria, Deus quis também sinalizar o como a Sua graça nos pode ser dada e como a nossa vida pode ser transformada.

5. Segundo Paulo, em Maria Deus reiniciou seu projeto primeiro de santidade, pois em Cristo retomamos a nossa condição de filhos. Nesse sentido, também podemos experimentar a mesma graça concedida à Virgem.

6. O que se exige de nós é inserirmo-nos nessa mesma abertura que ela teve ao projeto divino e isso só nos é possível numa atitude de alegre acolhida da Palavra.

7. O evangelho não esconde a sua perplexidade, as suas interrogações, a sua comovedora caminhada de fé, conforme a análise de Ignácio Larranaga em seu livro “O Silêncio de Maria”.

8. Mesmo com todas as nossas exaltações e louvores, não esqueçamos que, como nós, como seu Filho, ela foi tentada, mas em todos os momentos, soube dizer, como Jesus, sempre sim a Deus. Por isso toda verdadeira devoção a Maria deve consistir também numa abertura aos planos de Deus.

9. “Um coração que era sim para a vida. Um coração que era sim para Deus, um coração que era sim para o irmão. Reino de Deus renovando esse chão. Imaculada...”.  

Pe. João Bosco Vieira Leite