Terça, 19 de junho de 2018


(1Rs 21,17-29; Sl 50[51]; Mt 5,43-48) 
11ª Semana do Tempo Comum.

“Porque , se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa?” (Mt 5,46).

“’Todo mundo faz’. É a desculpa mais frequente quando se quer justificar uma prática questionável através de comparação com o que faz a maioria. Para os cristãos que já foram chamados de ‘pequeno rebanho’ essa desculpa não cola. Se todo mundo faz do amor uma moeda de troca, nós somos convidados a experimentar e testemunhar o amor incondicional: não importa ser ou não ser amado, importa amar. Embora convictos de que amar incondicionalmente é o maior dos mandamentos (o único, segundo Jesus) como é difícil conviver com o ‘cobrador de impostos’ que mora dentro de nós! Amamos, sim, de coração sincero, uns aos outros. Até procuramos servir com alegria. Somos capazes de fazer um favor, dar uma esmola, e até de renunciar a alguma coisa em favor de alguém. E lá vem o cobrador de impostos que quer, sim, o reconhecimento, o troco, a recompensa, a gratidão, e assim tiramos a gratuidade do gesto de amor. O reconhecimento, a gratidão, a recompensa não são, de modo algum, condenados no Evangelho. O amor recíproco é sempre bem vindo, anima, faz bem. Veneno é o ‘somente’, o amor que só acontece se há retribuição. Só é capaz de amar quem se sente amado. Só pode entregar-se ao amor gratuito quem experimenta em sua própria vida o amor do Pai. Assim entendeu São Francisco com o seu ‘é dando que se recebe’. Ao contrário do uso que fizeram alguns políticos dessa expressão franciscana. Como bons ‘cobradores de impostos’, também eles justificam sua troca de favores dizendo que isso, afinal, ‘todo mundo faz’” (João Bosco Barbosa – Graças a Deus (1995) – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite