11º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Ez 17,22-24; Sl 91[92]; 2Cor 5,6-10; Mc 4,26-34).

1. Em clara consonância com o evangelho, a liturgia insere esse texto de Ezequiel, uma espécie de alegoria sobre o modo como Deus conduz a história e não os poderosos desse mundo, servindo-se do aparentemente pequeno e insignificante. Aqui, no caso, o povo de Israel. Tema recorrente nas Sagradas Escrituras e a história tem comprovado essa sucessão de grandes povos, cuja grandeza e fim, permanecem apenas como registros.

2. Dando continuidade à reflexão iniciada no domingo anterior, Paulo fala desse trânsito a ser feito entre a vida presente e aquela que nos espera. Como no fim existe um julgamento que liga essas duas realidades, isso exige do cristão certa responsabilidade e vigilância no caminho que faz em direção a esse amor maior de Deus que nos aguarda.

3. O evangelho nos coloca diante do tema principal da pregação de Jesus: o reino de Deus. Para isso Ele recorre a uma série de imagens, em sua maioria tirada da realidade comum aos seus ouvintes, que desfilam nos evangelhos.

4. A primeira imagem tem presente a força que a semente traz em si mesma de germinar e crescer. A segunda, a aparente insignificância de uma semente que pode tornar-se um grande arbusto. Com essa verdade que seus ouvintes têm presente, Ele quer dar-lhes a certeza de que o Reino de Deus tem em si a força para crescer, e de pequeno tornar-se grande a partir desse acolhimento do coração humano.

5. “As parábolas do reino que lemos no Evangelho convidam-nos à esperança e à confiança, não baseada em inquéritos, cálculos, previsões do tipo sociológico, ou pelo menos só humano, mas sim sobre a promessa e sobre a fidelidade de Deus que guia a nossa história e a de todos” (Giuseppe Casarim – Lecionário Comentado – Paulus).

6. Assim a nossa compreensão não deve se ater ao número de cristãos batizados, quantidade de igrejas construídas ou mesmo a influência da Igreja católica. A presença do Reino é sentida pelo cuidado com a vida que se pode sentir através dos movimentos humanos como ressonância do que fez e nos falou a pessoa de Jesus.

7. Em última instância, é Ele o próprio Reino de Deus, e podemos assim verificar o que ficou ou fica em nós do seu ensinamento, capaz de fazer uma verdadeira revolução em nossa vida, ainda que passe de modo despercebido aos olhos humanos.

8. O Reino está presente nesse exercício de confiança de que a história humana e pessoal é guiada por Deus, nessa compreensão popular que “o homem propõe e Deus dispõe”. Mas em tudo isso não se exclui a liberdade de acolhermos ou não essa realidade, pois tudo depende do que cultivamos no solo de nosso coração.

Pe. João Bosco Vieira Leite