1. Em clara consonância com o
evangelho, a liturgia insere esse texto de Ezequiel, uma espécie de alegoria
sobre o modo como Deus conduz a história e não os poderosos desse mundo,
servindo-se do aparentemente pequeno e insignificante. Aqui, no caso, o povo de
Israel. Tema recorrente nas Sagradas Escrituras e a história tem comprovado
essa sucessão de grandes povos, cuja grandeza e fim, permanecem apenas como
registros.
2. Dando continuidade à reflexão
iniciada no domingo anterior, Paulo fala desse trânsito a ser feito entre a
vida presente e aquela que nos espera. Como no fim existe um julgamento que
liga essas duas realidades, isso exige do cristão certa responsabilidade e
vigilância no caminho que faz em direção a esse amor maior de Deus que nos
aguarda.
3. O evangelho nos coloca diante do
tema principal da pregação de Jesus: o reino de Deus. Para isso Ele recorre a
uma série de imagens, em sua maioria tirada da realidade comum aos seus
ouvintes, que desfilam nos evangelhos.
4. A primeira imagem tem presente a
força que a semente traz em si mesma de germinar e crescer. A segunda, a
aparente insignificância de uma semente que pode tornar-se um grande arbusto.
Com essa verdade que seus ouvintes têm presente, Ele quer dar-lhes a certeza de
que o Reino de Deus tem em si a força para crescer, e de pequeno tornar-se
grande a partir desse acolhimento do coração humano.
5. “As parábolas do reino que
lemos no Evangelho convidam-nos à esperança e à confiança, não baseada em
inquéritos, cálculos, previsões do tipo sociológico, ou pelo menos só humano,
mas sim sobre a promessa e sobre a fidelidade de Deus que guia a nossa história
e a de todos” (Giuseppe Casarim – Lecionário Comentado –
Paulus).
6. Assim a nossa compreensão não deve
se ater ao número de cristãos batizados, quantidade de igrejas construídas ou
mesmo a influência da Igreja católica. A presença do Reino é sentida pelo
cuidado com a vida que se pode sentir através dos movimentos humanos como
ressonância do que fez e nos falou a pessoa de Jesus.
7. Em última instância, é Ele o próprio
Reino de Deus, e podemos assim verificar o que ficou ou fica em nós do seu
ensinamento, capaz de fazer uma verdadeira revolução em nossa vida, ainda que
passe de modo despercebido aos olhos humanos.
8. O Reino está presente nesse exercício
de confiança de que a história humana e pessoal é guiada por Deus, nessa
compreensão popular que “o homem propõe e Deus dispõe”. Mas em tudo isso não se
exclui a liberdade de acolhermos ou não essa realidade, pois tudo depende do
que cultivamos no solo de nosso coração.
Pe. João Bosco Vieira Leite