São João Batista – Solenidade 24 de junho de 2018


(Is 49,1-6; Sl 138[139]; At 13,22-26; Lc 1,57-66.80).

1. A liturgia da Palavra para a solenidade de João Batista vai buscar no Antigo Testamento o texto que fala da vocação do ‘Servo do Senhor’ ou ‘Servo Sofredor’, aplicado no tempo quaresmal a Jesus e aqui àquele que foi escolhido desde o ventre materno para preparar os caminhos do Senhor.

2. Sabemos que a missão de João não foi fácil e não será para ninguém que leve a sério o compromisso de viver o seu batismo na consciência de que também nós, de alguma forma, preparamos os caminhos do Senhor pelo nosso testemunho na vivência da fé.

3. O salmo 139, que bem conhecemos, nos fala dessa experiência de um Deus não apenas onisciente, mas também onipresente. Para qualquer coisa que vivamos, de bom ou de ruim, tudo está na presença de Deus. Nunca nos perdemos e nunca nos separamos dele. Rezamos e cantamos para compartilhar essa experiência de fé de Davi, do Batista e de tantos outros que viveram uma plena entrega de sua vida a Deus e buscaram viver na Sua presença.

4. É Paulo que melhor ilumina a vocação específica de João e o insere na história maior do povo de Deus, apresentando-o como o último dos profetas. É a última etapa da história salvífica que João apresenta, reconhecendo que Quem vem é muito maior que ele.

5. Paulo recorda que sua missão como pregador, sua humildade, ensinando a fixar o olhar em Jesus. A pregação de Jesus também o surpreendeu, teve seus momentos de dúvida. O caminho da fé não lhe foi fácil, pois também teve que se converter à novidade sobre Deus que brotava dos lábios de Jesus. Também para nós nem sempre é fácil acolher Aquele que vem como resposta definitiva para caminho que fazemos.

6. Mais concretamente somos lançados à cena do seu nascimento, motivo da festa de hoje e exclusividade de são João e da Virgem Maria, fora do nascimento de Cristo. Seu nascimento é a aurora de um novo tempo, muitas promessas não muito claras dos profetas anteriores se consolidarão com Aquele que João tem a nobre missão de preparar os caminhos.

7. Se tal nascimento é visto como um ato de misericórdia de Deus para com Isabel, imagine quanto mais para com toda a humanidade. Não é atoa que Lucas enche de alegria esse ambiente do nascimento. Lucas não parece seguir a risca as tradições com relação a imposição do nome da criança e sua circuncisão, fazendo tudo acontecer num único momento.

8. O menino faz parte do povo de Deus, pelo sinal de circuncisão, mas seu nome aponta para outro significado, que não é uma mera continuidade, João traz em seu nome o sentido da manifestação da bondade de Deus, de sua benevolência para conosco.

9. Nosso texto omite o canto entoado por Zacarias, um modo como Lucas traduz teologicamente o nascimento do menino, colocando-o nos lábios do seu pai. Rapidamente sabemos que ele faz um caminho de memória do seu povo com relação ao deserto, e ali se prepara para sua missão.

10. Numa alegria contemplativa, celebramos o nascimento do maior entre os nascidos de mulher, mas ao mesmo tempo o menor no Reino dos céus, pois para cada tempo, outros nascem e são chamados também a viverem sua vocação numa fidelidade À Palavra de Deus. Outros santos e santas são forjados a cada tempo. Que de alguma forma, a vida de João nos sirva de inspiração, na alegre resposta ao chamado divino.

Pe. João Bosco Vieira Leite