(1Rs 19,19-21; Sl 15[16]; Mt 5,33-37)
10ª Semana do Tempo Comum.
“Seja o vosso ‘sim’
sim, e o vosso ‘não’ não. Tudo o que for além disso vem do maligno” Mt 5,37.
“Vinha
um homem ao meu encontro com passo trôpego. Pedia dinheiro. Explicava que havia
chegado do interior. Tinham-lhe roubado os documentos, o dinheiro e tudo. Pedia
porque, segundo ele, errado era roubar. Ia viajar até onde estavam os parentes.
Pensei que talvez não fosse verdade nada disso. Mas era verdade que precisava
pedir. Aprendeu a viver pedindo. Tinha o discurso adequado, a seu ver, para
convencer a caridade das pessoas. Era a sua verdade. A mentira não é privilégio
de nenhuma classe social. Estamos até acostumados a conviver com ela na vida
social, na família, na vida pública, nos meios da comunicação, em toda parte. É
como se uma camada de névoa permanente envolvesse o mundo, confundindo o que
está a meia distância, impedindo a visão geral. Acostumados a não ter certeza,
concordamos que desconfiar é melhor maneira de não se deixar enganar. Mesmo na
relação pessoal não somos mais capazes de confiar. Para empregar, queremos
referências; para celebrar um contrato, firma reconhecida, para emprestar, avalista;
para acreditar, provas. E como o amor verdadeiro não oferecido garantias,
perdemos a oportunidade de amar. O amor supõe a confiança de que um sim, dito
hoje, seja um sim para sempre. É dessa forma que Deus nos ama. Ao dizer sim,
nos deu a vida. Não para tirá-la depois, mas para fazê-la eterna. Quando
dizemos sim para valer, repetimos o modo de Deus amar. Somos sinais de Deus. Dizer
‘sim quando é sim e não quando é não’ é recriar o mundo ensolarado contra a
névoa fria da mentira, recobrar a confiança na vida, apostar no amor, acolher a
fé. Desmontar as defesas que separam um ser humano do outro ser humano. Estalar
as estruturas deste velho mundo que institucionalizou a mentira, o medo, a
divisão” (João Bosco Barbosa – Graças a Deus –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite