Sábado, 16 de junho de 2018


(1Rs 19,19-21; Sl 15[16]; Mt 5,33-37) 
10ª Semana do Tempo Comum.

“Seja o vosso ‘sim’ sim, e o vosso ‘não’ não. Tudo o que for além disso vem do maligno” Mt 5,37.
             
“Vinha um homem ao meu encontro com passo trôpego. Pedia dinheiro. Explicava que havia chegado do interior. Tinham-lhe roubado os documentos, o dinheiro e tudo. Pedia porque, segundo ele, errado era roubar. Ia viajar até onde estavam os parentes. Pensei que talvez não fosse verdade nada disso. Mas era verdade que precisava pedir. Aprendeu a viver pedindo. Tinha o discurso adequado, a seu ver, para convencer a caridade das pessoas. Era a sua verdade. A mentira não é privilégio de nenhuma classe social. Estamos até acostumados a conviver com ela na vida social, na família, na vida pública, nos meios da comunicação, em toda parte. É como se uma camada de névoa permanente envolvesse o mundo, confundindo o que está a meia distância, impedindo a visão geral. Acostumados a não ter certeza, concordamos que desconfiar é melhor maneira de não se deixar enganar. Mesmo na relação pessoal não somos mais capazes de confiar. Para empregar, queremos referências; para celebrar um contrato, firma reconhecida, para emprestar, avalista; para acreditar, provas. E como o amor verdadeiro não oferecido garantias, perdemos a oportunidade de amar. O amor supõe a confiança de que um sim, dito hoje, seja um sim para sempre. É dessa forma que Deus nos ama. Ao dizer sim, nos deu a vida. Não para tirá-la depois, mas para fazê-la eterna. Quando dizemos sim para valer, repetimos o modo de Deus amar. Somos sinais de Deus. Dizer ‘sim quando é sim e não quando é não’ é recriar o mundo ensolarado contra a névoa fria da mentira, recobrar a confiança na vida, apostar no amor, acolher a fé. Desmontar as defesas que separam um ser humano do outro ser humano. Estalar as estruturas deste velho mundo que institucionalizou a mentira, o medo, a divisão” (João Bosco Barbosa – Graças a Deus – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite