(Lm 2,2.10-14.18-19; Sl 73[74]; Mt 8,5-17)
12ª Semana do Tempo Comum.
Jeremias já havia advertido Israel dos
riscos a que se exporia afastando-se de Deus, por isso a liturgia complementa o
texto de ontem com esse texto do Livro das Lamentações, que foi composto após a
queda de Jerusalém. Diante da catástrofe surge a pergunta: por que Deus
permitiu tamanha desgraça? Ele é indiferente ao sofrimento humano? Quem relata
contempla algo impossível de se acreditar, mas não se fecha no sofrimento;
humildemente volta-se para Deus. Para isso a liturgia nos oferece o salmo
74,1-7.20-21, atribuído a Asafe ou alguém de sua família que o escreveu após a
destruição de Jerusalém num lamento de todo o povo que eleva sua oração. “Parece
que o salmista pegou Deus pela mão e o levou para ver a devastação. [...] ‘Vês
o que está acontecendo por aqui, Deus? Tu te importas?’ Um comentarista
refere-se a isso como ‘uma queixa ferrenha’, uma marca daqueles que vão a Deus
em um tempo de crise e exigem algumas respostas. É aqui que o salmo nos toca.
Esperamos que nunca tenhamos de passar pela devastação física e espiritual de
uma nação destruída, mas há ocasiões em que sentimos como se o nosso mundo
pessoal estivesse desmoronando ao nosso redor. Quando um casamento acaba,
quando não aparece um emprego e o dinheiro se vai, quando um filho ou um
cônjuge sofre por causa de uma doença incapacitante ou até morre em decorrência
dela, nós nos chegamos a Deus em desespero e perguntamos: ‘Tu te importas com
isso? Como pudeste nos entregar a esse tipo de destruição, dor e perda?’. Asafe
não ouviu muita coisa como resposta de Deus. Havia boas razões para a
destruição que veio sobre Jerusalém, mas, para um homem piedoso como Asafe,
aquelas razões não eram, de fato, válidas. Ele foi pego no contra fluxo da
desobediência dos outros. Como Jeremias no livro das Lamentações, Asafe só pôde
expressar seu pesar e sua confusão, e, então, se sentar em silêncio esperando
pela resposta do Senhor (Lamentações 3,28-29)” (Douglas Connelly
- Guia Fácil para entender Salmos - Thomas Nelson Brasil).
Pe. João Bosco Vieira Leite