(Ez 43,1-7; Sl 84[85]; Mt 23,1-12)
São Bernardo, abade e doutor.
O retorno de Israel à cidade santa
teria que ser acompanhado de presença do Senhor que enche de glória o Templo,
repouso dos seus pés. Esta visão do profeta traduz uma renovada espiritualidade
do povo após a amarga experiência do exílio.
O capítulo 23 de Mateus é caracterizado
pela crítica de Jesus aos escribas e aos fariseus, que não deve ser lido como
uma crítica ao povo judeu. Provavelmente esse capítulo reflete o conflito da
comunidade primitiva hostilizada pelos fariseus, o grupo mais forte e influente
naquele momento histórico. Assim as suas críticas são uma chamada de atenção à
própria comunidade para o risco de esconder-se atrás da observância de certas
normas, ao estilo farisaico. “Jesus confirma a autoridade dos escribas e
fariseus. O que eles ensinam está perfeitamente correto. Mas ele os acusa de
não mexerem um dedo sequer ‘para remover os fardos’ (não é ‘tocá-los’ ou
‘movê-los’, como dizem algumas traduções). Nada fazem para interpretar a lei de
maneira que não se torne um peso desnecessário para os homens. No fundo, eles
não se interessam pelas pessoas, porque não dividem a sua vida com elas,
colocando-se antes acima delas. Esse perigo não existia só naquele tempo, para
os fariseus, ele existe também para qualquer exegeta e teólogo, para qualquer
agente pastoral. Jesus nos admoesta a verificar se em nossa pregação estamos
realmente atentos às preocupações e necessidades das pessoas, ou se nos
satisfazemos com uma teologia abstrata e com regras morais exageradas que não
fazem jus ao ser humano. Jesus quer uma teologia misericordiosa que não
despreze o ser humano, uma moral misericordiosa que não escravize nem provoque
uma consciência pesada” (Anselm Grun, “Jesus mestre da salvação”- Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite