(Jr 1,17-19; Sl 70[71]; Mc 6,17-29)
Martírio de São João Batista.
Celebramos a memória obrigatória do
martírio do Precursor de Cristo; a data escolhida remonta à dedicação de uma
cripta de Sebaste (na Samaria), onde sua cabeça era venerada (relíquia) já na
metade do século IV. As orações da missa lembram a grandeza daquele que ‘é o
maior entre os nascidos de mulher’ e que também é chamado de justo e santo. “A
atualidade desse martírio pode ser vista na ligação indissolúvel, estabelecida
por Jesus (cf. Mc 10,38; Lc 12,50), entre o batismo e sua morte sacrificial por
nós. Ora, ‘o maior dentre os profetas, o mártir poderoso e o cultor do deserto,
aquele que não manchou o cândido pudor’, como canta a primeira estrofe do hino
das laudes (de Paulo Diácono), convida-nos a vivermos nosso batismo como uma
oferta permanente da vida ao ponto de aceitarmos o sacrifício de nós mesmos”
(Enzo Lodi - Os Santos do Calendário Romano – Paulus).
Na figura do profeta Jeremias
recordamos a austeridade e a vocação profética de João perante as situações de
injustiça do seu tempo que lhe custou o seu martírio conforme a narrativa do
evangelho, depois de passar um tempo na cadeia; mas João era um homem livre,
quem de fato estava preso era Herodes nas próprias paixões desordenadas. Não é à
toa que ao ouvir João, Herodes se sentia embaraçado. A morte de João acaba
servindo de alerta para Jesus, que busca afastar-se desse ditador, para ser
levado precocemente ao tribunal, já que trazia a fama de ser o Messias. Peçamos
ao Senhor, na memória desse martírio, o discernimento de espírito e a coragem
necessária para denunciar toda a prepotência que tira a vida de tantos
inocentes, em suas diversas formas.
Pe. João Bosco Vieira Leite