(Ez 36,23-28; Sl 50[51]; Mt 22,1-14)
20ª Semana do Tempo Comum.
Se o Senhor permitiu que o seu povo
fosse para o exílio, ele mesmo cuidará de trazer de volta o seu povo,
restaurá-lo e infundir um novo espírito para que restaurado em seu coração a
sua relação com o seu Deus pudesse recomeçar e retomar a sua posição de luz
para o mundo de como age o Deus de Israel. A imagem da água será retomada no
Novo Testamento como símbolo do Espírito de Deus derramado por Jesus em nossos
corações. Um coração novo para um mundo novo.
Escutamos mais uma parábola de Jesus, a
partir de realidades conhecidas pelos seus ouvintes. Ele sabe com atrair a
atenção dos seus ouvintes e isso é apaixonante. Se bem que nos incomoda essa
imagem de Deus que, enfurecido pela má recepção dos convidados, manda matar e
incendiar suas cidades. Ainda que Deus convide a todos, é preciso entrar na
dinâmica própria do reino. Uma parábola para muitas interpretações, uma delas:
“Mateus realça em sua versão da parábola contada por Jesus a prevalência da
graça sobre qualquer esforço humano. Mas, ao mesmo tempo, exige que o ser
humano responda à graça por meio de seus atos, pela transformação de sua
mentalidade e pela disposição de aceitar com serenidade o mistério da graça.
Dessa forma, tornam-se visíveis os contornos de sua imagem, da Igreja e do ser
humano: a Igreja não é uma comunidade de seres perfeitos, e sim de bons e maus,
de fortes e fracos, de conscientes e inconscientes. A Igreja e seus dirigentes
não têm o direito de excluir certas pessoas do banquete comum. Essa medida
caberá ao rei, ou seja, ao próprio Deus no fim dos tempos. Como a Igreja, o ser
humano também está cheio de equívocos e contrastes. No ser humano há coisas
boas e más, luz e trevas, disponibilidade e recusa. Mateus admoesta a tomarmos
consciência daquilo que está em nós, colocando por cima de tudo a veste que
Deus nos oferece, isto é, a veste do amor incondicional que nos aceita como
somos. Se continuarmos vivendo no estado de inconsciência, sem vestir a melhor
roupa de que dispomos, então a recusa se transformará em autodestruição, em
choro e ranger de dentes” (Anselm Grun, “Jesus mestre da salvação”-
Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite