(Sb
18,6-9; Sl 32[33]; Hb 11,1-2.8-19; Lc 12,32-48).
1. Todos os povos conservam um memorial de sua
história, monumentos, celebrações reavivam a sua identidade. Foi assim que
Israel conservou a memória da libertação do Egito. A celebração anual da Páscoa
lhes renovava a certeza de que aquele que agiu no passado agirá novamente e
assim antecipam o seu louvor.
2. O nosso memorial da Eucaristia é mais que uma
simples lembrança; é um tornar presente, na palavra e na eucaristia Aquele em
cujas mãos se esconde o desfecho de nossa história.
3. Deixando a carta aos Filipenses, acompanharemos
dois trechos da carta aos hebreus. Dentre os vários temas por ela abordados, a
liturgia nos reserva esse sobre a fé. Depois de uma breve explanação sobre a
mesma, ele parte para exemplos concretos de vivência da fé, tendo em Abraão e
Sara um protótipo desse caminhar na fé.
4. Mesmo com idades avançadas eles se tornaram
peregrinos de uma terra prometida e de um filho cuja geração lhes traria grande
descendência. Eles não chegaram a ver a plena realização de tais promessas,
apenas pequenos sinais de que Deus as realizaria. Assim também caminhamos, na
esperança da realização das promessas divinas.
5. Vislumbramos alguma coisa aqui ou acolá, mas não
plenamente aquilo que Jesus falou. Assim como Abraão, nossa fé também passa por
momentos de desânimo ou de teste. A proposta é manter-nos firmes. Também para
nós a libertação esperada se dará, não talvez de modo pleno nesta vida.
6. O medo é inimigo da fé, lembra Jesus aos seus
discípulos, emendando no seu discurso um comentário que parece ligar-se a
parábola do sábado passado, sobre o bom uso do que se tem. O tema principal do
nosso evangelho parece ser a vigilância. Como caminhar nessa vida, em meio a
tantos fatos e situações que nos amedrontam e roubam a confiança? Ele emenda
três parábolas.
7. Primeiro fala de uma vigilância em
permanente disponibilidade. Um cristão que se fecha completamente às realidades
que o cercam perde a sua identificação com Jesus. A presença de Deus pode se
dar a qualquer momento em nossa vida e o único modo de acolhê-lo é estando
vigilante.
8. À Pedro que o indaga sobre a direção da parábola
Jesus lembra que vigiar deve ser uma atitude de todos e particularmente
daqueles a quem foi confiada a condução da comunidade. Há quem confunda
liderança com autoritarismo e abuso de poder. Jesus se serve de imagens
próprias do seu tempo para chamar a atenção dos seus discípulos.
9. Caminhar na fé exige uma vigilância contínua
sobre as realidades que nos cercam, mas também sobre nós mesmos. Será que vivo
e pratico aquilo com que me comprometi no caminho da fé?
Pe. João Bosco Vieira Leite