(Ez 1,2-5.24-25; Sl 148; Mt 17,22-27)
19ª Semana do Tempo Comum.
Na linha da leitura profética que
estamos fazendo, chega a vez de Ezequiel (= ‘Deus fortaleça’), que é sacerdote
e, ao mesmo tempo, profeta. Seus escritos correspondem ao exílio babilônico.
Ele escreve tanto para os que estão no exílio quanto para os ficaram em
Jerusalém. O texto nos traz o seu chamado, que acontece no exílio, e que se
reveste de particular simbolismo de um Deus que se movimenta indo ao encontro
do seu povo onde ele se encontra e suscitando um seu mensageiro.
Encontramos Jesus e seus discípulos
numa situação comum daqueles que frequentavam o Templo e deviam colaborar com a
manutenção do mesmo. Os cobradores buscam a Pedro sobre tal contribuição.
Trava-se um diálogo com Jesus sobre a validade do mesmo, uma vez que todos eram
filhos de Deus: “O homem que é realmente livre pode submeter-se perfeitamente a
certas regras, sem perder por causa disso a sua dignidade. Jesus ilustra essa
verdade, mandando Pedro ao lago pescar um peixe. No primeiro peixe que ele
apanhar, encontrará uma moeda de um estatér com a qual poderá
pagar o imposto do templo para si mesmo e para Jesus. A justificativa de Jesus
é a seguinte: ‘Para não escandalizarmos’. Quem é livre continua livre mesmo
submetendo-se a regras externas. Ele se curva para não magoar ou escandalizar
as pessoas. Muitas pessoas interpretariam a nossa liberdade como arbitrariedade
e anomia, como anarquia, enfim. Por isso, é prudente submeter-se a certas
regras. Mas essa convicção deve nascer da liberdade, não do medo de receber um
castigo ou de não obter a salvação de Deus. Por isso existe nesse pequeno
episódio um significado fundamental: Jesus vê o ser humano como filho ou filha
livre de Deus. Essa liberdade deve encontrar a sua expressão no seu
inter-relacionamento. O homem está livre da incerteza de encontrar ou não a
salvação. Ele vive essa salvação. Ele já está em Deus. Mas essa experiência de
liberdade e dignidade exige também a disposição de aceitar os outros na
comunidade em as suas estruturas” (Anselm Grun, “Jesus mestre da salvação”-
Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite