(1Cor 1,26-31; Sl 32[33]; Mt 25,14-30)
Santa Mônica, esposa, mãe e
viúva.
Paulo chama a atenção para o modo do
agir divino que sempre confunde a sabedoria ou a lógica humana. Ao mesmo tempo
Paulo recorda que tudo é graça da parte divina, pois não é por merecimento o
agir o chamado de Deus para conosco.
A parábola dos talentos pode despertar
em nós uma certa compaixão para com aquele que só recebeu um talento e o
devolveu e foi castigado pela sua atitude. Intencionalmente Jesus quer chamar atenção
sobre ele, pois tem algo a nos ensinar. Longe de preocupar-se com rendimento,
Jesus foca mais na questão da confiança e do medo. A vida de fé exige riscos,
como quem lida com o mercado financeiro, quem teme riscos enterra seu talento.
A questão do medo está na imagem que temos de Deus, uma imagem negativa não
ajuda muito a mover-nos na vida ou arriscar-se. Certa busca de segurança nos
faz demasiado preso a certas coisas, quando na realidade, cedo ou tarde, as
perderemos, correndo o risco de perder-nos a nós mesmos. “Para mim, a parábola
nos convida a viver em função da confiança e não do medo. Quem procura evitar
todo e qualquer erro, acaba fazendo tudo errado. Ele próprio transforma a sua
vida num inferno cheio de medos. Quem procura controlar tudo por medo, range
muitas vezes os dentes à noite, porque tudo o que ele gostaria de suprimir por
medo virá à tona de noite e ele terá de reprimi-lo à força. Assim, a vida dele
estará marcada por choro e ranger de dentes. A pergunta é por que Jesus usa
imagens tão drásticas. Tudo indica que é necessário levar essa atitude receosa
ao absurdo, porque temos pena dela por natureza. Existe em nós a tendência de
ter pena de nós mesmos. Facilmente, achamos que fomos prejudicados. Tudo na
vida é tão difícil. Não dá para viver direito com o pouco que recebemos. Jesus
nos quer livrar dessa atitude, pintando em cores drásticas essa posição diante
da vida. Ele usa a parábola para expulsar o medo pelo medo, para que optemos
pelo caminho da confiança e do amor” (Anselm Grun, “Jesus mestre da salvação”-
Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite