(Rm 14,7-12; Sl 26[27]; Lc 15,1-10) 31ª Semana do Tempo Comum.
“Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas e diz: ‘Alegrai-vos comigo!
Encontrei a moeda que tinha perdido!’” Lc 15,9.
“A mulher encontra a sua dracma. Encontra a si mesma. Agora ela convoca as suas amigas e as suas vizinhas: ‘Alegrai-vos comigo; encontrei de novo a dracma que eu tinha perdido’ (Lc 15,9). Quem se encontra a si mesmo encontra também um novo relacionamento com o próximo. A mulher convida apenas mulheres. É junto com elas que ela quer celebrar a festa da sua própria maturação. Ela achou a dracma perdida. Ela encontrou-se com Deus como o fundamento da sua humanidade. Segundo C. G. Jung, não podemos nos encontrar a nós mesmos sem descobrir a imagem de Deus na nossa alma. O ‘eu mesmo’ não é resultado da história da nossa vida; é o que Deus, no início, imaginou que deveríamos ser. Na dracma reencontrada Lucas vê a conversão do pecador. O pecador tinha perdido a si mesmo. Ele não é mais ele mesmo. Converter-se significa: começar a pensar de outra forma, ver por trás das coisas. A conversão é o caminho no qual descobrimos, a nós mesmos, de verdade. Devemos abandonar o que é superficial e partir em busca da dracma no fundo da nossa alma. Então- diz Jesus – os anjos de Deus hão de alegrar-se de nós. Jesus veio para nos lembrar do núcleo divino. Convocou-nos para a conversão, a fim de que encontremos Deus em nós, e em Deus encontremos, de verdade, nós mesmos. Jesus é aquele que nos chama para o caminho da autorrealização. A meta desse caminho é a alegria de sermos humanos. Mas só seremos plenamente humanos quando tivermos encontrado a Deus, quando tivermos redescoberto em nós o núcleo divino. O pecado consiste em nos desencontrarmos conosco, perdendo-nos, vivendo fora de nós mesmos, entregando a nossa vida, em vez de vivê-la pessoalmente. Jesus, segundo Lucas, é aquele que convida o ser humano a ser verdadeiramente humano, a encontrar o seu próprio centro e, nele, Deus, como o verdadeiro fundamento da sua existência” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite