Segunda, 01 de dezembro de 2025

(Is 4,2-6; Sl 121[122]; Mt 8,5-11) 1ª Semana do Advento.

“Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado e disse aos que o seguiam: ‘Em verdade vos digo,

nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé” Mt 8,10.

“A religiosidade judaica considerava impuros todos os pagãos. Este era o motivo por que se proibia todo e qualquer contato com eles, por serem transmissores de impureza. Não era permitido mesmo uma simples conversa com eles, muito menos ir à casa deles. Jesus procurou distanciar-se dos preconceitos sociais e religiosos que pudessem afastá-lo das pessoas. Sua missão de salvar o povo de seus pecados exigia dele contatar com todos, sem exceção, para comunicar-lhes a salvação divina de que era portador. Sua salvação era universal, não tinha barreira. Importava-lhe comunicá-la a todos. O episódio bíblico fala de um pagão, conhecedor de sua inferioridade como gentio, mas portador de uma fé de alta qualidade, indigno de receber Jesus em sua casa, para que este não se contaminasse, suplicou-lhe que curasse o seu servo com sua palavra poderosa. Seu pedido foi prontamente atendido por estar sustentado por uma imensa fé desconhecida em Israel. O milagre operado por Jesus implodiu os preconceitos religiosos de sua época. Para ele não existe diferença entre judeus e pagãos, pois todos igualmente dignos de beneficiar-se da misericórdia divina. A impureza não está ligada à origem étnica. Portanto, o contato com um pagão cheio de fé nada tem de impuro. Daí seu direito de ‘sentar-se à mesa com Abraão, Isaac e Jacó no Reino dos Céus’, em pé de igualdade com os fiéis judeus. – Pai, que a purificação da fé predisponha-me para ir ao encontro do Senhor. Como o homem pagão, quero manifestar uma fé imensa no poder salvífico de teu Filho Jesus (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite


I Domingo do Advento – Ano A

(Is 2,1-5; Sl 121[122]; Rm 13,11-14; Mt 24,37-44)

1. O Advento é, por excelência, o tempo da esperança. Cada ano esta atitude fundamental do espírito desperta no coração dos cristãos que, enquanto se preparam para celebrar a grande festa do nascimento do Salvador, reaviavam a expectativa da sua vinda gloriosa no fim dos tempos. 

2. A primeira parte do Advento insiste precisamente sobre a vinda última do Senhor. O Evangelho e a 2ª leitura tratam desse aspecto, enquanto Isaías vislumbra um tempo novo para aqueles que se aproximam do Senhor, de Sua casa, e se deixarem guiar por Sua luz.

3. A esperança verdadeira e segura está fundamentada na fé em Deus Amor, Pai misericordioso, que ‘amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu único Filho’, a fim de que os seres humanos e, juntamente com eles, todas as criaturas, possam ter vida em abundância.

4. Assim, desde o seu início, o cristianismo se sobressai por uma nova esperança que distinguia os cristãos daqueles que viviam a religiosidade pagã. Escrevendo aos Efésios, são Paulo recorda-lhes que, antes de abraçar a fé em Cristo, eles viviam “sem esperança e sem Deus neste mundo” (2,12).

5. Esta expressão parece mais atual do que nunca, por causa do paganismo dos nossos dias: podemos referi-la de modo particular ao niilismo contemporâneo, que corrói a esperança no coração do ser humano, induzindo-o a pensar que dentro dele e ao seu redor reina o vazio: nada antes do nascimento, nada depois da morte.  

6. Na realidade, quando falta Deus, falta a esperança. Tudo perde a sua ‘consistência’. O que está em jogo é a relação entre a existência aqui e agora, e aquilo que denominamos ‘Além’: não se trata de um lugar onde terminaremos depois da morte; ao contrário, é a realidade de Deus, a plenitude da vida para a qual cada ser humano está, por assim dizer, orientado. A esta expectativa humana Deus respondeu em Cristo com o dom da esperança.

7. O ser humano é a única criatura livre de dizer ‘sim’ ou ‘não’ à eternidade, ou seja, a Deus. O ser humano pode apagar em si mesmo a esperança, eliminando Deus da sua própria vida. 

8. Deus conhece o coração do ser humano. Sabe que quem o rejeita não conheceu seu verdadeiro rosto, e por isso não cessa de bater à nossa porta, como peregrino humilde em busca de hospitalidade. Eis por que motivo o Senhor concede um novo período à humanidade: a fim de que todos possam chegar a conhecê-lo!

9. Este é também o sentido de um novo ano litúrgico que tem início: é uma dádiva de Deus, que deseja novamente revelar-se no Mistério de Cristo, mediante a Palavra e os sacramentos. À humanidade que não tem tempo para Ele, Deus oferece mais tempo, um novo espaço para que volte a entrar em si mesma, a fim de que se ponha novamente a caminho, para reencontrar o sentido da esperança.

10. Eis, então, a descoberta surpreendente: a minha, a nossa esperança é precedida pela expectativa que Deus cultiva a nosso respeito! Sim, Deus ama-nos e precisamente por este motivo espera que nós nos voltemos para Ele, que abramos o nosso coração ao seu amor, que coloquemos a nossa mão na sua e nos recordemos que somos seus filhos. Amém.

Pe. João Bosco Vieira Leite



Sábado, 29 de novembro de 2025

(Dn 7,15-27; Sl Dn 3; Lc 21,34-36) 34ª Semana do Tempo Comum.

“Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem” Lc 21,36.

“Existem coisas das quais não se pode prescindir na vida física, e outras que são absolutamente imprescindíveis para a vida espiritual; uma e outras são absolutamente necessárias para você. Se você não reza e se não reza com frequência, não estranhe que a vida da sua alma vá desfalecendo; não estranhe também que você a sinta asfixiada por seus negócios e preocupações, desorientada por suas ambições desmedidas, arrasada por suas paixões. Se você não rezar e não o fizer continuamente, não estranhe sentir pesados os pés e frio o coração. Se você não reza em todo o tempo, como o/a admoesta Jesus, não tem direito de queixar-se, quando descobrir em você a falta de entusiasmo para seus ideais cristãos, quando se sentir fraco e desiludido para a prática da piedade e mesmo para o cumprimento dos deveres cristãos. Orar é libertar-se de cargas que oprimem, de limitações que anulam, de defeitos que amarguram e de pecados que envergonham. Talvez você queira eliminar sua obrigação de orar, absorvendo-se e embebendo-se em sua obrigação de trabalhar; no entanto, você deve conscientizar-se de que seu trabalho obrigatório, não lhe é menos obrigatória a oração. Seja o tempo que você dedica ao trabalho a medida do tempo que você deve dedicar à oração: mais tempo ao trabalho, mais tempo à oração. Somente assim você conseguirá que seu trabalho seja frutífero para a vida eterna. Se você trabalhar sem orar, não demorará a chegar ao esgotamento e ao cansaço desalentador; e se você ora sem trabalhar, estará amarrando ou impedindo a eficácia da oração. Orar não é dizer muitas palavras ou pronunciar prolongadas fórmulas ou preces. Orar é pôr-se, primeiramente, na presença de Deus e, depois, falar-lhe com palavras simples, como sempre são as palavras que brotam do coração e, finalmente, fazer silêncio em nós mesmos para ouvir a palavra de Deus, que nos fala no fundo do coração. Orar, por fim, é amar, mas com o coração mais do que com a cabeça, com a entrega de si mesmo mais que a fala, com o louvor divino mais que com a exposição de nossas misérias” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sexta, 28 de novembro de 2025

(Dn 7,2-14; Sl Dn 3; Lc 21,29-33) 34ª Semana do Tempo Comum.

“Continuei insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha como filho de homem, aproximando-se do ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença” Dn 7,13.

“A narração da visão noturna de Daniel está ligada ao que foi exposto no capítulo 2, quer porque está escrito igualmente em língua aramaica, quer pela referência aos quatro reinos, aqui representados pelos animais. O texto de hoje contém não apenas uma visão, mas uma série de visões que incluem: quatro animais; um ‘chifre’ com olhos e boca; tronos nos quais se senta um Ancião; e, finalmente, um ‘Filho de Homem’. [Compreender a Palavra:] A visão do mar tempestuoso e dos quatro animais deriva da tradição bíblica que utilizou o simbolismo do mar para exprimir o caos primordial. Os quatro animais, que sobem do mar, indicam quatro reis ou reinos: os primeiros três são geralmente conotados com o império de Babilônia, com os reinos da Média e da Pérsia; no quarto animal, cujos dentes de ferro e os dez chifres (os reis da dinastia selêucida) sublinham a grande força e poder violento, viu-se o reino de Alexandre Magno e dos seus sucessores. O ‘chifre mais pequeno’ do versículo 8, simboliza o rei selêucida Antioco IV Epifânio, descrito nos Livros dos Macabeus como um rei violento, ímpio e arrogante (cf. 1Mc 1,10-64; 2Mc 6,1-11). O trono no qual se sentam um Ancião simboliza Deus que, com a Sua corte celeste, exerce o Juízo sobre os reis da História. O conteúdo da última visão (‘Alguém, semelhante a um filho do homem’, v. 13) será em seguida referido ao ‘povo dos santos do Altíssimo’ (cf. Dn 7,18.22.27), ao povo hebreu que no tempo da perseguição ficou fiel a Deus e agora reina com Ele” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quinta, 27 de novembro de 2025

(Dn 6,12-28; Dn 3; Lc 21,20-28) 34ª Semana do Tempo Comum.

“Quando essas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça,

porque a vossa libertação está próxima” Lc 21,28.

“O tempo do Advento é um tempo de preparação para a vinda do Salvador e nos lembra também aquela longa série de séculos que transcorreram da queda de Adão até a vinda de Jesus Cristo. Deus não quis enviar o Salvador imediatamente após a queda, para que o homem pudesse passar pela marga experiência do pecado, para que sentisse mais intensamente a necessidade do Redentor e para que suspirasse por sua vida; e nessa longa espera foi preparando a humanidade por meio do povo judeu com profecias e promessas, cada vez mais claras e precisas. Embora distante e nebuloso, o dia do juízo final apresenta-se-nos como algo temível; mas, ao mesmo tempo, não podemos esquecer-nos do aspecto de esperança e alegria que constitui a chegada deste artigo de fé. Não é um estranho que nos julgará, mas alguém que conhecemos na fé. Não virá ao nosso encontro um juiz totalmente diferente, mas um dos nossos, aquele que conhece intimamente o ser humano, porque o experimentou. Sobre o juízo, ergue-se, pois, a aurora da esperança” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 26 de novembro de 2025

(Dn 5,1-6.13-14.16-17.23-28; Sl Dn 3; Lc 21,12-19) 34ª Semana do Tempo Comum.

“Antes que essas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome” Lc 21,12.

“A perseguição e o sofrimento do discípulo são tidos por Jesus como sinais premonitórios do fim. O testemunho de seu nome atrairia de tal forma a ira dos inimigos que estes lançariam mão de toda sorte de maldade contra os seguidores do Mestre. Sofrimento, perseguição, prisões, acusações na sinagoga, morte e ódio era o que lhes aguardava. Até mesmo, a perseguição por parte dos próprios familiares. Tudo isso por causa da fidelidade do Mestre Jesus. Era preciso, pois, avivar neles a chama da perseverança. Tarefa desafiadora! Não obstante isso, nos momentos mais difíceis os discípulos receberiam a ajuda divina, de forma que não precisariam preparar a própria defesa. Receberiam, também, uma sabedoria tão sublime, capaz de levá-los a convencer seus adversários. Além da perseverança, os discípulos necessitarão de uma grande fé em Deus. ‘Nem um só cabelo cairá de vossa cabeça’ – garante Jesus ao grupo de discípulos, facilmente contaminados pelo medo. A luta, afinal de contas, é do Mestre. Os discípulos são unicamente seus mediadores. O Pai os protege, preservando-os do mal, porque é o Senhor. Ninguém como Deus tem nas mãos a vida dos discípulos, e, por conseguinte, tem o poder de livrá-los do mal. – Espírito que me livra do mal, não permitais que eu sucumba às forças do egoísmo e do mal, mesmo tendo de suportar sofrimentos e perseguições” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Terça, 25 de novembro de 2025

(Dn 2,31-45; Sl Dn 3; Lc 21,5-11) 34ª Semana do Tempo Comum.

“No tempo desses reinos, o Deus do céu suscitará um reino que nunca será destruído,

um reino que não passará a outro povo; antes, esmagará e aniquilará todos esses reinos,

e ele permanecerá para sempre” Dn 2,44.

“O trecho está situado no contexto do sonho de Nabucodonosor (cf. Dn 2,1), que só Daniel pode interpretar graças à revelação recebida do Deus do Céu (cf. 2,27-30). O rei sonhou com uma estátua enorme feita de metais diversos (ouro, prata, bronze, ferro), destruída por uma pedra que se desprendeu do monte, ‘sem o auxílio de qualquer mão’ (v. 4), pedra que se torna depois uma grande montanha. Segundo um esquema comum a outros textos do Próximo Oriente, o sonho é o primeiro narrado (vv. 31-35) e depois interpretado (vv. 36-45) [Compreender a Palavra:] A estátua gigantesca não representa um ídolo, mas está a indicar o decurso da História. No simbolismo dos diversos metais, foi vista a sucessão e a progressiva decadência de quatro impérios´. A cabeça de ouro simboliza o império Babilônio, enquanto os metais que constituem as outras partes do corpo da estátua referem-se, em geral, ao reino do Medos (a prata), dos Persas (o bronze) e dos Macedônios (o ferro), onde a mistura de ferro e de barro indicam a divisão do Império de Alexandre Magno em reino dos Ptolomeus do Egito em reino dos Selêucidas da Síria. Excetuando o império dos Medos, são todos reinos que durante certo período exerceram o seu domínio sobre os hebreus. A imagem final da ‘grande montanha’ (v.35) alude porém a um reino diferente, que nasce ‘sem o auxílio de qualquer mão’ (cf. v.34), porque é obra de Deus. O autor do Livro não se propõe a reconstruir um período histórico, antes quer sublinhar que somente o Senhor tem o domínio sobre a História” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Segunda, 24 de novembro de 2025

(Dn 1,1-6.8-20; Sl Dn 3; Lc 21,1-4) 34ª Semana do Tempo Comum.

“Viu também uma pobre viúva que depositou duas pequenas moedas” Lc 21,2.

“A vaidade dos ricos foi objeto de crítica severa por parte de Jesus. Contando com a segurança que lhe proporcionavam os bens acumulados, pensavam poder impressionar a Deus, à custa de gestos exagerados de vaidade e exibicionismo. O cofre de esmolas do Templo era um local privilegiado para atrair as atenções sobre si, e crescer na consideração do povo. Dar esmolas generosas soava como gesto de generosidade e largueza do coração. E mais, como manifestação de uma piedade sólida e de reverência a Deus, a quem se pretendia honrar com tal ação. O óbolo da pobre viúva, comparado com a prodigalidade dos ricos, passava despercebido. Para que serviram uns poucos centavos? Quantitativamente considerados, nada representavam. Uma oferta inútil, irrelevante, sem nenhuma importância. Na percepção de Jesus, o gesto da pobre viúva foi ponderado de maneira diferente. Tendo ela oferecido tudo quanto lhe restava para viver, expressava total confiança na providência divina. Os ricos permitiam-se o luxo de oferecer quantias vultosas, porque davam do seu supérfluo. A viúva, pelo contrário, foi capaz de arriscar tudo, por saber que tudo era dom de Deus. Não tinha ânsia de acumular, nem corria o perigo de confiar nos bens materiais, colocando Deus em segundo plano. A sua era a verdadeira piedade! – Espírito de confiança na Providência divina, a exemplo dessa pobre viúva, que meu coração se liberte da obsessão de acumular. Faze-me, antes, colocar meus bens a serviço do próximo” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite


34º Domingo do Tempo Comum (Cristo Rei) – Ano C

(2Sm 5,1-3; Sl 121[122]; Cl 1,12-20; Lc 23,35-43) *

1. A celebração litúrgica de Cristo Rei oferece à nossa celebração um quadro significativo, caracterizado e iluminado pelas leituras bíblicas.

2. Encontramo-nos como que diante de um majestoso afresco com três grandes cenários: no centro, a Crucifixão, segundo a narração do evangelista Lucas; num lado a unção real de Davi por parte dos anciãos de Israel; no outro, o hino cristológico com que São Paulo introduz a carta aos Colossenses.

3. O conjunto é dominado pela figura de Cristo, o único Senhor, diante do qual somos todos irmãos. Toda a hierarquia da Igreja, cada carisma e ministério, tudo e todos estamos ao serviço do seu senhorio.

4. Devemos partir do acontecimento central: a Cruz. Aqui Cristo manifesta a sua singular realeza. Ela aparece no desprezo que lhe dirigem pedindo que salve-se descendo da cruz. Ao contrário, Jesus revela a própria glória permanecendo ali, na Cruz como Cordeiro imolado.

5. Ela está no pedido do chamado ‘bom ladrão’. Ele implicitamente confessa a realeza do justo inocente e antecipa o futuro. Acima da cabeça de Cristo há uma placa que proclama esta verdade: “Este é o Rei dos judeus”. Nesse cenário da crucifixão acontece a máxima Revelação de Deus possível neste mundo, porque Deus é amor, e a morte na Cruz de Jesus é o maior ato de amor de toda a História.

6. Olhando a cena da unção real de Davi na 1ª leitura, chama a nossa atenção um aspecto importante da realeza, isto é, a sua dimensão ‘corporativa’. Os anciãos de Israel vão a Hebron, estabelecem um pacto de aliança com Davi, declarando que se consideram unidos a ele e, com ele, querem formar uma só coisa.

7. Se referirmos esta figura a Cristo, parece-me que esta mesma profissão de aliança se presta também a nós neste dia. Nesta solene celebração eucarística desejamos renovar o nosso pacto com Ele, a nossa amizade, porque só nesta relação íntima e profunda com Jesus, nosso Rei e Senhor, têm sentido estarmos aqui.

8. Por fim, somos convidados a envolver-nos nessa alegria com que Paulo introduz o seu texto na 2ª leitura, pelo fato de que o Reino de Cristo, o “destino dos santos na luz”, não é algo que apenas se entrevê de longe, mas é a realidade da qual fomos chamados a ser parte pela obra redentora do Filho de Deus.

9. Paulo lembra que a Igreja é a depositária do Mistério de Cristo: e isto em toda a humildade e sem sombras de orgulho ou arrogância, porque se trata do máximo dom que recebeu sem merecimento algum e que é chamada a oferecer gratuitamente à humanidade de cada época, como horizonte de significado e de salvação.

10. Assim, com o nosso salmista, cantamos hoje a alegria de estarmos aqui, como peregrinos chegamos, como peregrinos também rumamos para a Jerusalém Celeste, a casa do grande Rei. Peçamos a proteção vigilante de Maria Santíssima. A ela, unida ao Filho no Calvário e elevada como Rainha à sua direita na glória, peçamos que nos ensine a viver dentro dessa consciência da realeza de Cristo sobre a nossa existência.

* Com base em texto de Bento XVI

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sábado, 22 de novembro de 2025

(1Mc 6,1-13; Sl 9A[9]; Lc 20,27-40) 33ª Semana do Tempo Comum.

“Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele” Lc 20,38.

“A afirmação de Jesus, de que Deus é um Deus vivo e dos vivos, enche de júbilo nosso coração: ‘Não é Deus dos mortos, mas dos vivos, porque todos vivem para ele” (v. 38). A morte não atinge Deus, nem os filhos de Deus; os que estão mortos estão mortos para o mundo, que não pode transpor as barreiras da realidade transcendente; mas para Deus não existem nem a morte nem os mortos; somente são mortos aqueles que não gozam da vida da graça, ou da glória; a esses sim, ele condena à morte e uma morte eterna e irreversível. Porque existe a ressurreição dos mortos, foi possível a ressurreição de Jesus, sem a qual, como adverte o apóstolo Paulo, é vã e inútil a nossa fé. E porque Jesus ressuscitou dentre os mortos de uma maneira radicalmente nova, os mortos ressuscitarão também com um novo tipo de vida completa e definitiva” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sexta, 21 de novembro de 2025

(Zc 2,14-17; Sl Lc 1; Mt 12,46-50) Apresentação da Bem-aventurada Virgem Maria.

“Rejubila, alegra-te, cidade de Sião, eis que venho habitar no meio de ti, diz o Senhor” Zc 2,14.

“Com toda a existência de Maria, a partir da encarnação do Verbo, é iluminada por esse acontecimento (pensemos na Assunção), assim tudo o que em sua vida procedeu a encarnação foi em vista do cumprimento desse mistério (pensemos na Imaculada Conceição). A bem-aventurança da escuta, de fato, não se improvisa! A ela preparar-se ao longo do tempo, dia após dia. Devemos, pois, pensar que Maria tenha sido educada e educou-se, na sua infância e adolescência, segundo as tradições de Israel, ou seja, com o olhar e o coração fixos no lugar da presença de Deus, o templo precisamente. À consagração de Deus a Israel, pelo dom da sua Palavra-presença, deve corresponder a consagração, a doação de Israel a Deus, segundo o espírito e a vida da Aliança. E o templo, na sua acepção simbólica mais pura, é chamado a significar justamente este mútuo encontro nupcial. Eis por que em Jerusalém Israel saboreia a alegria de ser o povo consagrado ‘pelo’ e ‘ao’ Senhor e por que, após a tristeza do exílio, é em Sião (a rocha na qual se erguia o templo) que novamente explode o anúncio: ‘Alegra-te, exulta, Filha de Sião, porque eis que eu venho habitar no teu meio – oráculo do Senhor’ (cf. primeira leitura: Zc 2,14-17)” (Corrado Maggioni – Maria na Igreja em Oração – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Quinta, 20 de novembro de 2025

(1Mc 2,15-29; Sl 49[50]; Lc 19,41-44) 33ª Semana do Tempo Comum.

“Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz!

Agora, porém, isso está escondido aos teus olhos” Lc 19,42.

“Este breve trecho encerra dois momentos que parecem em contraste entre si: o choro de Jesus ao avistar Jerusalém, no final de uma longa viagem em direção à cidade (vv. 41-42); e, a dura sentença do Mestre sobre a ruína da cidade, que não soube reconhecer o tempo em que foi ‘visitada’ (vv. 43-44). É uma das páginas evangélicas em que aparece mais claramente a profunda humanidade de Jesus que, como qualquer pessoa, Se comove e chora diante de fatos que provocam sofrimento. [Compreender a Palavra:] O pranto de Jesus sobre a cidade é prelúdio do Seu anúncio profético. Jerusalém, etimologicamente ‘cidade de paz’, não compreendeu aquilo que lhe podia dar a paz (cf. v. 42), não soube reconhecer o dom que lhe será oferecido, mas soube reconhecer o tempo no qual fora ‘visitada’ (v. 44). Daqui a predição ameaçadora, introduzida pela linguagem própria do gênero profético e apocalíptico: ‘Dias virão’ (v. 43). Uma ruína total atingirá Jerusalém, na figura de uma mãe que tem por filhos os seus habitantes, nela não ficará pedra sobre pedra. A formulação bíblica da ‘visita’ evoca a vinda do Senhor, o tempo no qual JHWH se manifestou na terra de Jesus e viveu a hostilidade do seu povo. Falando do assédio que se abaterá sobre Jerusalém, Lucas parece aludir, retrospectivamente, a um acontecimento histórico: a destruição de Jerusalém acontecida no ano de 70 d. C., às mãos dos Romanos. Na tradição cristã primitiva, de fato, a ruína da cidade era interpretada como consequência da intervenção punitiva de Deus pela rejeição de Jesus por parte dos habitantes de Jerusalém” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 19 de novembro de 2025

(2Mc 7,1.20-31; Sl 16[17]; Lc 19,11-28) 33ª Semana do Tempo Comum.

“Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de prata a cada um e disse:

‘Procurai negociar até que eu volte’” Lc 19,13.

“A parábola das minas é a mesma que a dos talentos, de São Mateus; a mina era uma unidade monetária grega; o talento era, precisamente, moeda hebraica; São Mateus emprega a moeda típica do Oriente: o denário. Com esta parábola, Jesus quer ensinar-nos que o tempo de sua ausência, até que volte na parusia, não é tempo de descanso ou de inatividade, mas é tempo de trabalho e de atividade no sentido de construir o Reino de Deus. O Senhor dota seus discípulos com tipos diferentes de qualidades e de talentos; coloca-os neles, para que se entreguem a um trabalho eficiente e duradouro, evitando o mal e praticando o bem em tudo. Os discípulos do Senhor, que utilizem os talentos recebidos e se dediquem à realização de boas obras, serão premiados pelo Senhor, cada um segundo seu trabalho; porém, os que não tenham empregado seu tempo e suas qualidades para o bem serão inexoravelmente castigados. A parábola toda tem sentido escatológico universal; há nela três ideias básicas:  Jesus deve partir por período indeterminado; entretanto, os discípulos ficam em estado de provação, de trabalho e de merecimento; Jesus vai voltar, para fazer justiça; a cada um se dará segundo os seus méritos” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Terça, 18 de novembro de 2025

(2Mc 6,18-31; Sl 03; Lc 19,1-10) 33ª Semana do Tempo Comum.   

“Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse: ‘Zaqueu, desce depressa!

Hoje eu devo ficar na tua casa’” Lc 19,5.

“O encontro de Zaqueu com Jesus mostra como a conversão acontece em etapas. De certo modo, esta revela como a salvação acontece na vida de quem se torna discípulo do Reino. O primeiro passo consiste no desejo de ver Jesus. No caso de Zaqueu, o Evangelho não esclarece os motivos deste anseio. Sabemos, apenas, ter sido tão forte que nada deteve o homem até vê-lo realizado. O segundo passo exige a superação de todos os obstáculos. Para Zaqueu, um empecilho era sua baixa estatura. O problema foi resolvido: subiu numa árvore. O terceiro passo comporta deixar-se amar por Jesus, sem restrições nem desconfiança, abrindo-lhe as portas do coração. Zaqueu desceu depressa da árvore, para receber Jesus em sua casa, com alegria. O quarto passo é uma mudança radical de vida. Radical significa deixar de lado os esquemas e mentalidade antigos, para adequar-se às exigências do Reino. Isto não se faz com palavras e boas intenções, mas com gestos concretos. Zaqueu dispôs-se a dar metade de seus bens aos pobres e ressarcir, quatro vezes mais, aquilo que havia roubado. Desta forma, ele provou que, realmente, a salvação tinha entrado em sua casa. – Espírito que gera conversão, toca o meu coração, abrindo-o para acolher a salvação e manifestá-la com gestos concretos de amor” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas). 

Pe. João Bosco Vieira Leite


Segunda, 17 de novembro de 2025

(1Mc 1,10-15.41-43.54-57.62-64; Sl 118[119]; Lc 18,35-43) 33ª Semana do Tempo Comum.

“Uma cólera terrível se abateu sobre Israel” 1Mc 1,64.

“O texto descreve nitidamente a difusão do helenismo em Israel. A referência cronológica do versículo 10 indica o contexto histórico dos acontecimentos: em 137 (ano do calendário selêucida, correspondente a 175 a.C.) sobe ao trono, como rei dos Selêucidas, Antíoco IV Epifânio. Também os hebreus são seus súditos. Na perspectiva do Livro, a nomeação do rei coincide com a introdução em Israel de instituições, usos e cultos pagãos e, por conseguinte, com o abandono da religião dos antepassados por parte de muitos hebreus. [Compreender a Palavra:] Desde o princípio, Antíoco IV Epifânio é considerado o principal responsável pela ruína de Israel. É o ‘descendente perverso’ (v. 10), aquele que permite a introdução em Jerusalém de instituições gregas como o ‘gymnasion’ (espécie de escola onde se procedia à educação física e intelectual dos rapazes) e, através de um decreto, ordenou a todos os povos a ele submetidos que abandonassem a suas leis: para os hebreus, isto significou voltar as costas à Torá, a Lei de Deus. Além disso, fez erigir um ídolo sobre o altar do Templo de Jerusalém. Ao lado do rei aparecem, na página bíblica, duas categorias diversas de hebreus. Por um lado ‘homens’ ímpios (v. 11), julgados responsáveis por terem desejado romper com o isolamento social e político dos hebreus, tendo por parte do povo, a ruptura da santa Aliança e a apostasia. Por outro lado, os hebreus que pagaram com a morte a fidelidade à Aliança. No texto, o encontro entre judaísmo e helenismo torna-se uma oposição aberta, um conflito religioso” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite


33º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Ml 3,19-20; Sl 97[98]; 2Ts 3,7-12; Lc 21,5-19) *  

1. Caminhando para o final de mais um ciclo litúrgico, o Evangelho sempre traz algum discurso sobre o fim do mundo. Dentro dessa linha de reflexão, a 2ª leitura nos comunica um fato sobre a comunidade de Tessalônica. Alguns, tiravam do discurso de Jesus uma conclusão errada.

2. Consideravam inútil preocupar-se, trabalhar ou mesmo produzir, pois tudo estava por passar ou terminar; melhor viver dia após dia, sem assumir compromissos longos, quem sabe recorrer ao mínimo para sobreviver. É a esta classe de gente que Paulo escreve e daqui encaminhamos nossa reflexão.

3. Paulo inicia a sua exortação a partir do seu próprio exemplo, pois sempre trabalhou para seu próprio sustento, era fabricante de tendas, e com seu trabalho pôde ajudar outras pessoas necessitadas. Era uma novidade o seu estilo de vida para uma época que desprezava o trabalho manual (algo de escravos).

4. Mas Paulo traz consigo uma cultura bíblica, de um Deus que trabalha, descansa e estabelece assim a lei do trabalho, não como castigo, mas parte da natureza original do ser humano. O próprio Jesus dedicou parte de sua vida entre nós ao trabalho manual e depois ao trabalho que o próprio Deus lhe confiou.

5. Assim compreendemos que o trabalho de um modo geral e em seus aspectos particulares, não compreende só a sobrevivência do indivíduo ou mesmo a sustentação de um lar; ele vale como participação à obra criadora e redentora de Deus e como serviço aos irmãos. Nossas obras nos acompanham, quer as tenhamos feitas bem ou mal...

6. Uma vida de trabalho honesto e consciente é um bem precioso diante de Deus e dos demais. É o que confere a cada pessoa a sua dignidade. Não importa tanto em que área atua, o quanto ou como o faz. Isto restabelece uma certa paridade, aquém de todas as diferenças, muitas vezes injustas e escandalosas de categorias e remunerações.

7. Há outros aspectos que envolvem o trabalho: cansaço, esforço, conflitos, que nos ligam ao aspecto negativo e de castigo mencionado no Gênesis, consequência do pecado. Não só do pecado de Adão, mas o pecado em todas as suas formas, que deriva de uma única raiz: o egoísmo.

8. Dentre essas realidades negativas do trabalho, está a falta de trabalho, o desemprego, com todos os dramas que esse comporta. Ao avanço das tecnologias, novos desafios se apresentam, mesmo diminuindo o cansaço humano, novas realidades vão criando um problema enorme, cuja solução não vem na mesma velocidade.

9. Essa realidade diz respeito a todos e nos desafia na responsabilidade e solidariedade em apoiar reformas que diminuam o impacto das mudanças. Por outro lado, temos o excesso de trabalho por parte de alguns, que o transforma numa espécie de ídolo. Que ocupa todos os dias e espaços e que tem como objetivo único o dinheiro.

10. Há quem agindo assim subtraia a outros um espaço no mundo do trabalho. É do trabalho que deve depender a nossa vida e não de um golpe de sorte lotérico. Ainda que em sua maioria seja legítima forma de jogo, um modo de cultivar sonhos e emoções, essa pode tirar o esforço do trabalho legítimo e arruinar famílias, tornando-se uma obsessão ou vício.

11. Aqui na Eucaristia, o momento de máxima exaltação do trabalho é quando o sacerdote apresenta a Deus o pão e o vinho, chamados de “fruto da terra e do trabalho humano”. E assim oferecemos a Deus todas as formas de trabalho humano; não só do agricultor, mas também da dona de casa que prepara o alimento cotidiano, daquele que está na cadeia de montagem, num escritório, numa mesa de trabalho ou na estrada. Ou em home-office.

12. Cristo assume este nosso trabalho, o associa à oferta redentora e nos restitui pouco depois, na comunhão, transformado em “alimento da vida eterna”. Concluo com uma oração da nossa Liturgia das Horas: “Ó Deus que atribui a cada um o seu trabalho e a justa recompensa, abençoa o nosso trabalho cotidiano e faz com que sirva ao teu desígnio de salvação”. Amém.

* Com base em texto de Raniero Cantalamessa

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sábado, 15 de novembro de 2025

(Sb 18,14-16; 19,6-9; Sl 104[105]; Lc 18,1-8) 32ª Semana do Tempo Comum.

“Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do Homem, quando vier,

será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” Lc 18,8.

“Depois dos versículos introdutórios, que explicita o tom parenético da perícope, Lucas introduz uma parábola de Jesus. São três as personagens: um juiz, homem conotado negativamente como alguém que não tem escrúpulo nem para com Deus, nem para com o próximo; uma viúva, que reclama insistentemente justiça; Jesus, cujas parábolas oferecem interpretação escatológica da parábola, aplicada à situação da comunidade cristã. [Compreender a Palavra:] A atitude do juiz indica, quer a falta de fé, quer a ignorância da justiça social; a viúva representa, pelo contrário, a pessoa débil e indefesa. Durante muito tempo, sublinha o texto, o juiz não atende o pedido da viúva, depois atende-a para que, assim diz ele para consigo, ela não venha mais a importuná-lo (v. 5). Este comportamento é denunciado por Jesus como próprio de um ‘juiz iníquo’ (v. 6), que não respeita nem a Deus nem a justiça. As palavras do Senhor terminam com duas perguntas (v. 8), que conferem à parábola uma perspectiva de caráter escatológico: a primeira, com um raciocínio ‘a fortiriori’, sublinha a rapidez da justiça divina; a segunda, propõe uma interrogação que fica sem resposta (‘O Filho do Homem, quando voltar, encontrará fé sobre a terra?’ v. 8), mas que liga o regresso de Jesus ao tema da fé, e ainda ao versículo de abertura sobre a necessidade de oração” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite