Sexta, 07 de novembro de 2025

 (Rm 15,14-21; Sl 97[98]; Lc 16,1-8) 31ª Semana do Tempo Comum.

“E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz” Lc 16,8.

“O cristão é filho da luz; mas nem sempre se comporta como tal, ao passo que os filhos das trevas, que são os filhos deste mundo, sempre permanecem em sua atitude mergulhados na escuridão. Você é cristão e, consequentemente, é filho da luz, daquela luz de que falava Jesus Cristo, quando afirmou: ‘Eu sou a luz do mundo’ (João 8,12). Olhe o que fazem os filhos deste mundo para conseguirem seus fins e lograr suas ambições; a que males e dissabores não se expõe um político pelos ideais do seu partido; quanta  preocupação consome o industrial para conservar e aumentar seus bens; quantas privações tem de impor-se um desportista, para conservar o estado físico, ou uma mulher para ‘conservar sua beleza’; como um marxista se consome por seu ideal e sofre perseguição em razão dessas mesmas ideias, e tantos outros exemplos que poderíamos continuar citando. Os filhos deste mundo estão sempre se preocupando com suas coisas e perseguindo suas metas. Mas, e os filhos da luz? Observa-se nelas um fenômeno difícil de explicar: quando se trata de conservar ou aumentar seus capitais ou bens materiais, os filhos da luz transformam-se em astutos, como os filhos deste mundo; porém, quando nos referimos aos bens de ordem espiritual, ou às ações apostólicas, aos empreendimentos da fé e da transmissão do querigma, perdem toda aquela astúcia, todo aquele impulso, toda aquela vivacidade e entrega pessoal. Depois surgem inconvenientes, as dúvidas e hesitações, as covardias e egoísmos que arrasam os entusiasmos e condenam à esterilidade os mais ambiciosos projetos. De maneira que se você, filho da luz, fizesse por sua vida espiritual uma quarta parte do que faz por sua vida física e social, por sua situação econômica e civil, quão diferente você seria e quão mais adiantado estaria!” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 


Quinta, 06 de novembro de 2025

(Rm 14,7-12; Sl 26[27]; Lc 15,1-10) 31ª Semana do Tempo Comum.        

“Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas e diz: ‘Alegrai-vos comigo!

Encontrei a moeda que tinha perdido!’” Lc 15,9.

“A mulher encontra a sua dracma. Encontra a si mesma. Agora ela convoca as suas amigas e as suas vizinhas: ‘Alegrai-vos comigo; encontrei de novo a dracma que eu tinha perdido’ (Lc 15,9). Quem se encontra a si mesmo encontra também um novo relacionamento com o próximo. A mulher convida apenas mulheres. É junto com elas que ela quer celebrar a festa da sua própria maturação. Ela achou a dracma perdida. Ela encontrou-se com Deus como o fundamento da sua humanidade. Segundo C. G. Jung, não podemos nos encontrar a nós mesmos sem descobrir a imagem de Deus na nossa alma. O ‘eu mesmo’ não é resultado da história da nossa vida; é o que Deus, no início, imaginou que deveríamos ser. Na dracma reencontrada Lucas vê a conversão do pecador. O pecador tinha perdido a si mesmo. Ele não é mais ele mesmo. Converter-se significa: começar a pensar de outra forma, ver por trás das coisas. A conversão é o caminho no qual descobrimos, a nós mesmos, de verdade. Devemos abandonar o que é superficial e partir em busca da dracma no fundo da nossa alma. Então- diz Jesus – os anjos de Deus hão de alegrar-se de nós. Jesus veio para nos lembrar do núcleo divino. Convocou-nos para a conversão, a fim de que encontremos Deus em nós, e em Deus encontremos, de verdade, nós mesmos. Jesus é aquele que nos chama para o caminho da autorrealização. A meta desse caminho é a alegria de sermos humanos. Mas só seremos plenamente humanos quando tivermos encontrado a Deus, quando tivermos redescoberto em nós o núcleo divino. O pecado consiste em nos desencontrarmos conosco, perdendo-nos, vivendo fora de nós mesmos, entregando a nossa vida, em vez de vivê-la pessoalmente. Jesus, segundo Lucas, é aquele que convida o ser humano a ser verdadeiramente humano, a encontrar o seu próprio centro e, nele, Deus, como o verdadeiro fundamento da sua existência” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 05 de novembro de 2025

(Rm 13,8-10; Sl 111[112]; Lc 14,25-33) 31ª Semana do Tempo Comum.

“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos

e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo” Lc 14,26.

“As palavras do Evangelho de hoje podem parecer duras, mas são salutares, são um antídoto contra o risco de uma certa habituação própria de uma vida de fé que perdeu o ímpeto dos momentos originários e que se adapta facilmente aos costumes, perdendo a lucidez de uma avaliação crítica. Recordam que a nossa vida de fé é autêntica quando Cristo ocupa o primeiro lugar no nosso coração, e obrigam-nos constantemente a verificar quando isso acontece, confessando os nossos espaços de autossuficiência e de desatenção à Palavra de Deus. Jesus sabe muito bem que a vida é feita de relações com pessoas e coisas que requerem dedicação e fornecem autênticos momentos de realização. O ponto, simples e radical ao mesmo tempo, é que nada pode arrogar-se o primeiro lugar no coração e nos nossos critérios de opção, senão tornar-se ídolo. O primeiro lugar cabe só a Deus e à sua Palavra, o seu Filho Jesus, o qual não é alternância e afetos, relações e compromissos humanos, antes é critério decisivo quanto ao modo de se viver tudo isso. Se Cristo ocupa o primeiro lugar, a fé torna-se práxis, e não só realidade ideal. Mas, para se tornar práxis, deve ser ao mesmo tempo força que educa e determina o mundo dos afetos e das sensibilidades orientado para os bens criados, não para inibir, mas para os endereçar para aquilo que é prioritário (virtude da temperança)” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Terça, 04 de novembro de 2025

(Rm 12,5-16; Sl 130[131]; Lc 14,15-24) 31ª Semana do Tempo Comum.

“Pois eu vos digo, nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete” Lc 14,24.

“O convite foi feito por Deus a todos os homens de boa vontade e de coração limpo; o Senhor mostrou sua infinita generosidade, não a limitou a uns ou a outros. Mas nós cristãos não temos sido tão generosos em acorrer a esse banquete como o Pai celestial ao convidar-nos. São muitos os que por pretextos banais se negam a participar. ‘Comprei um terreno e preciso sair para vê-lo’ (v. 18); são os negócios, o apego exagerado e descontrolado aos bens desse mundo. ‘Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las’ (v. 19). Tem-se tempo para tudo, no entanto não se tem tempo para dedicar ao espírito, cumprem-se as obrigações pessoais, de trabalho e sociais, isto é, fica-se em dia com tudo e com todos, menos com Deus. Para orar não existe tempo; para rezar o rosário da Virgem não há tempo; para oferecer o santo sacrifício eucarístico e comungar não há tempo; para destinar alguns momentos diários à meditação das coisas referentes ao Reino de Deus não há tempo, para ler a palavra de Deus na Sagrada Bíblia não há tempo, ainda que haja tempo para leituras vazias e frívolas, para a leitura do jornal, para ver até a última série da televisão, embora se percam cada dia preciosos minutos com conversas vazias e sem nenhum significado com os vizinhos, conhecidos, ou amigos; embora, infalivelmente, cada dia se dediquem religiosa e escrupulosamente preciosos minutos para tomar alguns cafés, enquanto se ataca a política, a situação econômica, ou nacional e mil outros assuntos” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Segunda, 03 de novembro de 2025

(Rm 11,29-36; Sl 68[69]; Lc 14,12-14) 31ª Semana do Tempo Comum.

“Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos” Lc 14,13.

“Jesus fez um esforço formidável para colocar no coração de seus discípulos um amor entranhado pelos pobres e marginalizados. Ele bem conhecia o valor salvífico do bem feito aos excluídos, e o quanto agradam ao Pai os gestos de bondade em relação aos necessitados. O ensinamento a respeito de quem deve ser convidado para um almoço ou jantar tem esta finalidade. Por isso, pode parecer um tanto extravagante. Nada de chamar amigos, irmãos, parentes e vizinhos ricos, quando se oferece um almoço ou jantar. O Mestre aconselha a convidar os aleijados, os coxos, os cegos, que não tem como retribuir. Jesus opôs-se à tendência natural de estreitar as relações com as pessoas às quais queremos bem, e cuja convivência nos é agradável. Ao invés disso, ensinou a escolher os mais carentes de afeto e atenção. É importante atentar para os motivos sadios que nos devem levar a convidar os pobres para uma ceia familiar. Existem motivos fúteis, como ganhar prestígio de pessoa caridosa e fazer demagogia barata. Convidar os pobres significa comungar com sua causa, tornar-se solidário com eles, a ponto de tudo fazer para que sua dignidade seja respeitada. Quem age com esta intenção, participará da ressurreição dos justos. – Espírito que nos leva a optar pelos pobres, sintoniza-me com os ensinamentos de Jesus, de maneira que os pobres e excluídos ocupem um espaço importante em minha vida (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Todos os Fiéis defuntos

(Sb 3,1-9; Sl 41[42]; Ap 21,1-7; Lc 7,11-17)*

1. A dra. Elisabeth Kübler-Ross publicou os resultados de entrevistas com seus pacientes às portas da morte. Foi um laborioso trabalho de pesquisa ao longo de dez anos. Em artigo do semanário People, lhe foi indagado se o fato de ela crer na vida depois da morte havia mudado o seu modo de pensar. A resposta textual foi:

2. “Se devesse perder esta casa com tudo aquilo que há dentro, não me importaria nada. Sendo obrigada, por razões profissionais, a estar ao lado de doentes em fase de agonia, aprendi que ver um crepúsculo ou observar uma família de faisões em um prado é infinitamente mais importante. Após haver escutado dos moribundos: ‘Se ao menos houvesse conhecido melhor os meus filhos. Se ao menos...’, então se começa a refletir sobre a própria vida e sobre a melhor maneira de viver o que resta”

3. Quando nos colocamos diante de algo futuro, que implica a nossa responsabilidade, duas podem ser as nossas reações. Somos tomados pelo medo se a nossa consciência nos acusa de relaxamento ou omissão na preparação do que deve acontecer.

4. Por isso, a advertência ao estudante sobre os exames finais equivale ao termo: cuidado! Dramatiza-se um resultado negativo. Mas se existe um trabalho no sentido de preparar o acontecimento, este virá a coroar a atitude da esperança. A advertência adquire um sentido de: coragem! Antecipa-se a alegria pelo sucesso a ser obtido em razão do esforço despendido.

5. No 19º Domingo do Tempo Comum, refletíamos sobre a figura do patrão que volta da viagem, e entre outras coisas, Jesus afirmava a certeza do acontecimento da morte (Lc 12,35-40). A única surpresa está reservada quanto ao tempo.

6. Ao insistir que estejamos vigilantes, Jesus não quer que fiquemos paralisados pela espera, com os pensamentos fixos em uma sepultura, imersos em uma inércia fúnebre. Seria antecipar a morte anulando a vida presente.

7.  O manter-se alerta é o mesmo que ter a consciência tranquila de estar em atividade, fazendo o possível. É este o significado bíblico das roupas em ordem e das lamparinas acesas. A morte não se improvisa, dela se faz merecedora a nossa vida toda.

8. Só saberá morrer aquele que souber viver. Assim como a vida é o momento presente, e agora, assim também a morte será um momento presente. Por conseguinte, interessa viver bem o momento que Deus nos concede aqui e agora, para enfrentar o momento da morte com classe. Todo tempo é tempo do bom Deus. Tudo, afinal, são graças!

9. Ao se falar de viver bem, não se pretende dizer que é preciso ser perfeito, achar-se em ponto de amadurecimento. É caminhar para a perfeição, como o jovem estudioso que procura estar em dia com a matéria ensinada, por isso vai percorrendo o ritmo do crescimento.

10. O programa a ser exigido no exame final já é conhecido. Trata-se de oferecer nossos préstimos para a edificação simultânea da cidade terrena e do Reino de Deus. Como se fará isso? Mediante o serviço dedicado aos nossos irmãos.

11. O toque de alerta do Senhor é escutado no som de suas palavras e também no impacto dos fatos. Dia de finados tem um sabor de saudade: vêm-nos à mente aqueles que conosco conviveram. É o toque do Senhor advertindo-nos através dos clarões que se abrem ao nosso redor.

12. Nem por isso podemos justificar uma vida à sombra dos mortos, perdidos em recordação. Precisamos de sentir a felicidade de terem sido companhia para nós, sentir a gratidão pelos dias bons que passamos juntos, sentir a missão de levar adiante aquilo de meritório que entre nós plantaram.

* Frei Paulo Gollarte – À Escuta de Deus – Vozes.


Pe. João Bosco Vieira Leite