Terça, 06 de agosto de 2024

(Dn 7,9-10.13-14; Sl 96[97]; Mc 9,2-10) Transfiguração do Senhor.

“Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha.

E transfigurou-se diante deles” Mc 9,2.

“O trecho evangélico referido no episódio da Transfiguração era lido no Sábado das Quatro Têmporas da Quaresma, pondo-o assim em relação com o primeiro anúncio da Paixão, feito depois solene confissão de Pedro. A Transfiguração é, de fato, a contraposição da agonia no horto de Getsêmani. Entre os dois episódios, as testemunhas são as mesmas: Pedro, Tiago e João. Tabor e Getsêmani, dois momentos que desvelam aos três apóstolos – isto é, ao vigário de Cristo, ao primeiro mártir dos Doze e ao discípulo predileto – a real identidade do Messias preconizado pelos profetas. Na Transfiguração, Jesus abre uma fresta de luz que reveste seu corpo de glória, como natural consequência da visão beatífica a qual desfrutava sua alma unida à natureza divina do Verbo. Estava-se ainda em pleno verão, no segundo ano de vida pública – por Jesus dedicado, de modo particular, à formação dos apóstolos. Depois de subir o Tabor – um monte que domina a planície da Galileia – Jesus concede um pouco de repouso aos discípulos. Em seguida toma consigo os três apóstolos e os conduz a um lugar apartado, convidando-os à oração. Mas, como acontecerá em Getsêmani, os três adormecem. Aos primeiros albores despertam e veem Jesus ‘transfigurado’, em conversa com Elias e Moisés. Pedro, que havia protestado ante a ideia da Paixão do Salvador, agora tem a resposta que esperava, uma clara resposta do alto, enquanto uma nuvem o esconde da extasiante visão do Messias glorioso: ‘Este é o meu filho amado, [...] ouvi-o!’. O tema do misterioso colóquio – depreende-se diretamente do pedido que os discípulos fazem a Jesus – era a confirmação da Paixão e morte do Messias e, ao mesmo tempo, o anúncio da ressurreição, conforme o plano divino de redenção, pouco compreendido pelos próprios apóstolos. A Transfiguração, que faz parte do mistério da salvação, é bem digna de uma celebração litúrgica, elevada por Calisto III à condição de festa estendida `Igreja universal” (Mario Sgarbosa – Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite