Segunda, 26 de agosto de 2024

(2Ts 1,1-5.11-12; Sl 95[96]; Mt 23,13-22) 21ª Semana do Tempo Comum.

“Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: ‘Se alguém jura pelo templo, não vale; mas, se alguém jura pelo ouro do templo, então vale!’” Mt 23,16.

“Jesus dá início ao discurso sobre a falsidade e hipocrisia dos escribas e fariseus, com o condenatório: ‘Ai de vós...’ repetido em sete ocasiões diferentes. ‘Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o reino dos céus...’ (v. 13). A hipocrisia não pode ter cabimento entre os filhos de Deus e os discípulos de Jesus; o Mestre é todo simplicidade e afabilidade, todo retidão e veracidade; não podem os discípulos ser de outra maneira. A hipocrisia pretende dissimular a falta de verdade e de bondade que existe em nosso coração. A hipocrisia é maligna também para o exercício do apostolado, uma vez que não é possível encobrir, durante muito tempo e em todas as ocasiões, a falta do amor a Deus e aos homens e, quando se descobre a realidade, os homens sentem institivamente repulsa por quem pretende vender-lhes uma mercadoria falsa e inautêntica. ‘Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas. Percorreis mares e terras para fazer um prosélito e, quando o conseguis, fazei dele um filho do inferno...’ (v. 15). Poderia ser que nós mesmos ocasionalmente incorremos na maldição do Senhor, se é que aos que tratamos de atrair para o Senhor, àqueles aos quais pregamos o Reino, não lhes déramos o testemunho de uma retidão de consciência a toda prova. Não basta cuidar de converter à fé os que não a possuem; é preciso também ajudar a manter na fé aos que já estão nela. ‘Ai de vós, guias cegos...!’ (v. 16). Que responsabilidade tão grande a nossa, que somos chamados pelo Senhor para ser luz e, pelo contrário, somos trevas; que estamos destinados a ajudar o próximo para que não caia e, no entanto, o empurramos com nossos maus e os fazemos cair. Guias cegos, porque voluntariamente fechamos os olhos à luz; guias cegos, porque desconhecemos culpadamente o caminho que conduz a Deus; guias cegos, uma vez que não vamos pelo verdadeiro caminho que conduz à santidade. O ‘Ai de vós’ da Bíblia tem, com efeito, um sentido de reprovação e de eterna condenação e equivale, portanto, a ‘sereis condenados’. O Senhor Jesus repete sete vezes essa condenação, dando em cada uma delas as causas da mesma. Condenados, porque nem entram eles no Reino dos céus, nem deixam entrar os outros; eles, os técnicos da lei, os dirigentes religiosos do povo, chamados a abrir caminhos ao Reino de Deus, são os responsáveis de que suas portas permaneçam fechadas para muitos. Condenados, porque fecharam os olhos à luz e converteram-se em guias cegos, preferindo a escuridão de sua mente à iluminação da palavra de Deus. Condenados, porque resistiram em aceitar a verdade, arrastando os outros ao erro e à soberba. Você é chamado a ser chefe no povo de Deus; não duvide, visto que todo cristãos deve estar constantemente cristianizando, e diz o apóstolo que quem não é apóstolo é um apóstata” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite