Segunda, 05 de agosto de 2024

(Jr 28,1-17; Sl 118[119]; Mt 14,13-21) 18ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus, porém, lhes disse: ‘Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!’” Mt 14,16.

“Eis um gesto de amor e de misericórdia de Jesus; assim se manifesta a imensa ternura do coração de Cristo, que lhe permite ver a necessidade e o sofrimento, sem acorrer para sua solução e socorro. Aquele povo estava cansado e faminto e tudo por querer continuar em sua companhia. Jesus não duvida em recorrer a seus poderes sobrenaturais para ir em socorro dele e aliviar a situação criada. ‘Moveu-se de compaixão para ela e curou os enfermos’ (v. 14). Uma das características manifestas do coração de Jesus, que aparece maravilhosamente em todas as páginas do evangelho, é sua compaixão e misericórdia para com os pobres materiais e espirituais. Jesus deu o pão material à multidões famintas. Mas o homem também sente fome de Deus; fome não menos exigente e não menos torturante que a fome material. Fome de pão, fome de Deus; é difícil que exista homem que não experimente uma ou outra espécie de fome, e tão digno de compaixão e merecedor de ajuda urgente é o que sofre a fome de pão, quanto aquele que é torturado pela fome de Deus. Jesus não sacia a fome material daquela multidão de modo direto, mas por meio de seus discípulos; ao ver aquele povo abandonado, sem ninguém que lhe ensinasse as verdades que necessitavam saber para sua salvação, na expressão bíblica: ‘como ovelhas que não têm pastor’ (Marcos 6,34), e desorientada pela confusão gerada pela doutrina farisaica, ele se compadece daquela multidão e prefere que seus apóstolos fiquem sem o descanso, de que necessitam, a abandoná-la. Assim tem de ser o apóstolo: um homem que não pode permanecer indiferente diante  dos outros. Tem de acorrer em ajuda deles mesmo à custa do próprio descanso; com prudência, é verdade, mas com generosa entrega e tudo isso por amor a Deus e aos irmãos; o apóstolo deve entregar toda sua vida e todas as suas forças. Deus quer hoje e agora que você seja aquele que reparte o pão aos famintos, seja o pão material, seja o pão da palavra de Deus. Se os apóstolos se tivessem negado a repartir o pão milagroso, teriam impedido que a ação de Jesus chegasse ao povo, e se você se negar a ser os braços de Jesus e a boca de Jesus e a palavra de Jesus, impedirá que Jesus Cristo chegue às almas de todos quanto rodeiam você. Os apóstolos puseram nas mãos de Jesus o que possuíam: cinco pães e dois peixes, frutos do esforço humano; o resto ficou por conta do bondoso e onipotente Jesus” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite