(Jr 1,17-19; Sl 70[71]; Mc 6,17-29) Martírio de São João Batista.
“Imediatamente, o rei mandou que o
soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão,
trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela entregou à sua mãe” Mc 6,27-28.
“No
calendário romano, é o único santo do qual se celebra tanto o nascimento, a 24
de junho, como a morte ocorrida através do martírio. A memória hodierna remonta
à dedicação de uma cripta de Sebaste, em Samaria onde, já em meados do século
IV, se venerava sua cabeça. Depois, o culto alargou-se a Jerusalém, às Igrejas
do Oriente e a Roma, com o título de Degolação de são João Batista. No
Martirológio romano faz-se referência a uma segunda descoberta da preciosa
relíquia, transportada naquela ocasião para a igreja de São Silvestre em Campo
Márcio, em Roma. Estas breves referências históricas ajudam-nos a compreender
como é antiga e profunda a veneração de são João Batista. Nos Evangelhos
realça-se muito bem o seu papel em relação a Jesus. De modo particular, são
Lucas narra o seu nascimento, a sua vida no deserto e a sua pregação, e no
Evangelho de hoje são Marcos fala-nos da sua morte dramática. João Batista
começa a sua pregação sob o imperador Tibério, em 27-28 d.C., e o convite claro
que ele dirige ao povo que acorre para o ouvir é que prepare o caminho para
receber o Senhor, e endireitem as veredas todas da própria vida através de uma
conversão radical do coração (cf. Lc 3,4). Contudo, João Batista não se limita
a pregar a penitência e a conversão, mas, reconhecendo Jesus como ‘o Cordeiro
de Deus’ que veio para tirar o pecado do mundo (cf. Jo 1,20), tem a
profunda humildade de mostrar em Jesus o verdadeiro Enviado de Deus, pondo-se
de lado a fim de que Jesus possa crescer, ser ouvido e seguido. Como último
gesto, João Batista testemunha com o sangue a sua fidelidade aos Mandamentos de
Deus, sem ceder nem desistir, cumprindo a sua missão até o fim. São Beda, monge
do século IX, nas suas homilias diz assim: ‘São João, por [Cristo] deu a sua
vida; embora não lhe tenha sido imposto que negasse Jesus Cristo, só que lhe
foi imposto que não dissesse a verdade’ (cof. Hom. 23: ccl 122,354). E ele
dizia a verdade, e assim morreu por Cristo, que é a Verdade. Precisamente pelo
amor à Verdade, não cedeu a compromisso nem teve medo de dirigir palavras
fortes a quantos tinham perdido o caminho de Deus” (Bento XVI – Um Caminho de
Fé Antigo e sempre Novo – Vol. IV – Mokai).
Pe.
João Bosco Vieira Leite