Sábado, 10 de agosto de 2024

(2Cor 9,6-10; Sl111[112]; Jo 12,24-26) São Lourenço, diácono e mártir.

“Em verdade, em verdade vos digo, se o grão de trigo que cai na terra não morre,

ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto” Jo 12,24.

“Nossos ouvidos não estão habituados a ouvir palavras como estas de Jesus. Nós pensamos que só a saúde, a força, o trabalho, isto é, o que nos sai bem, que pode construir positivamente nossa vida. O que podem trazer de bom e positivo à nossa vida a enfermidade, o sofrimento, a desgraça ou o fracasso? Pensemos, por exemplo, nossa experiência dolorosa da doença que todos podemos sofrer, cedo ou tarde, em nossa própria carne. A enfermidade se nos apresenta como algo totalmente mau e negativo, uma fatalidade absurda e injusta que lança por terra todos os nossos projetos. Não obstante, os próprios cientistas nos advertem de que a enfermidade nem sempre é algo danoso. Também pode ser a reação sábia do organismo que emite um sinal de alarme para que a pessoa se cure de feridas e conflitos profundos, reorientando sua vida de maneira mais sadia. Seja como for, a enfermidade pode ser uma experiência de crescimento e renovação, se o enfermo conseguir vive-la de maneira positiva. Eis a seguir algumas sugestões. A doença grave abala nossa segurança. Vivíamos tranquilos e sem problemas, e de repente nos vemos obrigados a deixar o trabalho, parar nossa vida e permanecer no leito. Então chegam as perguntas: Por que acontece isto justamente comigo? Será que vou curar-me? Poderei voltar de novo à minha vida de sempre? Ao adoecer, comprovamos que nossa vida é frágil e está sempre ameaçada. Se estamos atentos, vamos ouvir que a enfermidade nos convida a apoiar-nos em algo ou alguém mais forte e seguro que nós. Ao mesmo tempo, nessas longas horas de silêncio e dor, o enfermo começa a reviver lembranças prazerosas e experiências negativas, desejos insatisfeitos, erros e pecados. E surgem de novo as perguntas: Isto foi tudo? Para que vivi até agora? Que sentido tem viver assim? É o momento de reconciliar-se consigo mesmo e com Deus, confessar os erros do passado e acolher em nós a paz e perdão. Mas, além disso, a enfermidade nos ajuda a abrir os olhos e ver com mais lucidez o futuro. Ao caírem tantas falsas ilusões, o doente começa a descobrir o que é verdadeiramente importante na vida, o que não quisera perder nunca: o amor às pessoas, a liberdade, a paz do coração, a esperança. É o momento de reorientar nossa vida de maneira mais humana. Intuímos o que será melhor para nós. Passarão os dias e as noites. O organismo vai curar-se ou, talvez, cairá num processo incurável. Mas, seguindo a Cristo, muitas pessoas poderão descobrir que o grão que morre dá fruto. O sofrimento purifica e a enfermidade pode levar uma vida saudável” (José Antonio Pagola – O Caminho Aberto por Jesus – João – Vozes).


Pe. João Bosco Vieira Leite