(2Rs 5,1-15; 41[42]; Lc 4,24-30) 3ª Semana da Quaresma.
“Jesus,
vindo a Nazaré, disse ao povo na sinagoga: ‘Em verdade eu vos digo que
nenhum
profeta é bem recebido em sua pátria’” Lc
4,24.
“O Senhor,
depois de um tempo dedicado à pregação pelas aldeias e cidades da Galileia,
volta a Nazaré, onde se tinha criado. Ali todos os conhecem: é filho de José e
Maria. No sábado, foi à sinagoga, conforme seu costume (Lc 2,16), levantou-se
para a leitura do texto sagrado e escolheu um trecho messiânico do profeta
Isaías. São Lucas capta a densa expectativa que havia no ambiente: Enrolando o
livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham
os olhos fixos neles. Tinham ouvido maravilhas sobre o filho de Maria e
esperavam ver coisas ainda mais extraordinárias em Nazaré. Não obstante, ainda
que a princípio todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça
que procediam da sua boca (Lc 4,22), não têm fé. Jesus explica-lhes que os
planos de Deus não se baseiam na pátria ou no parentesco: não basta ter
convivido com Ele, é necessária uma fé grande. E serve-se de alguns exemplos do
Antigo Testamento: Havia muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu,
mas nenhum deles foi curado a não ser Naamã, o sírio. As graças do Céu são
concedidas sem qualquer limitação por parte de Deus, sem levar em conta a raça
– Naamã não pertencia ao povo Judeu –, a idade ou a posição social. Mas Jesus
não encontrou boas disposições nos ouvintes, na terra onde se havia criado, e
por isso não fez ali nenhum milagre. Aquelas pessoas só viram n’Ele o
filho de José, aquele que fabricava mesas e consertava portas. Não é este o
filho de José?, perguntavam (Lc 4,22). Não souberam ir além disso. Não
descobriram o Messias que os visitava. Nós, para podermos contemplar o Senhor,
também devemos purificar a nossa alma. ‘Esse Cristo que tu vês não é Jesus. –
Será, quando muito, a triste imagem que podem teus olhos turvos... –
Purifica-te. Clarifica o teu olhar com a humildade e a penitência. Depois...
não te hão de faltar as luzes límpidas do Amor. E terás uma visão perfeita. A
tua imagem será realmente a sua: Ele!’ (Josemaria Escrivá). A Quaresma é uma
boa ocasião para intensificarmos o nosso amor com obras de penitência que
preparem a alma para receber as luzes de Deus” (Francisco Fernandez-Carvajal – Falar
com Deus – Vol. 6 – Quadrante).
Pe. João
Bosco Vieira Leite