(Mq 7,14-15.18-20; Sl 102[103]; Lc 15,1-3.11-32) 2ª Semana da Quaresma.
“Mas era preciso festejar e
alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver;
estava perdido e foi encontrado” Lc 15,32.
“No elenco das parábolas que
Lucas coloca para ilustrar o jeito divino-humano e misericordioso de Deus está
a Parábola do Filho Pródigo, muitas vezes proclamadas como a história do Pai
bondoso. Ninguém pode imaginar a grandeza deste coração de Pai, que busca sem
cessar o filho perdido e o abraça e beija quando volta, arrependido, a casa.
Ninguém pode igualar uma recepção tão festiva para quem saíra de casa,
solapando a riqueza do Pai, esbanjando saúde e regressando cheio de fome e
maltrapilho. Sorte é que o filho distante tinha gravado em seu peito o jeito
misericordioso do Pai: isto o impele a regressar. O filho mais velho, no
entanto, não pôde suportar o coração bondoso do Pai; não pôde suportar a
prodigalidade do Pai, a abundância de sua ternura e misericórdia, o seu gesto
de perdão, que coloca em seu rosto os sinais da mais inaudita alegria.
Cumpridor das obrigações de filho, quer na casa, quer no campo, julgava-se o
merecedor da festa e da recepção oferecida pelo Pai, ao filho trasviado. Ciúme,
inveja e raiva tomam conta do seu coração ferido. Sai da sua boca, não um canto
de júbilo pela volta do irmão perdido, mas uma queixa profunda por tudo o que
fazia; demonstra seu ressentimento, não entende a cartilha do amor que o Pai
quer lhe ensinar. O Pai, sem conter a alegria, traz o filho mais velho à razão:
‘seu irmão estava morto, perdido e agora está aqui conosco’. Celebrar com festa
a volta de um perdido é trazer à memória a lembrança de como Deus é: sempre
recebendo de braços abertos aqueles que busca recuperar para o seu Reino, os
transviados do mundo. Esta é a lógica de Deus, que teimamos, como filhos mais
velhos, a não entender e aceitar. Esta é a lógica que levou Jesus à cruz: a
lógica do amor, do perdão, da ternura e da misericórdia. – Pai querido, restaura-nos
à sua imagem e semelhança e isto nos basta!” (Magda Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2015]
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite