Sábado, 02 de março de 2024

(Mq 7,14-15.18-20; Sl 102[103]; Lc 15,1-3.11-32) 2ª Semana da Quaresma.

“Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver;

estava perdido e foi encontrado” Lc 15,32.

“No elenco das parábolas que Lucas coloca para ilustrar o jeito divino-humano e misericordioso de Deus está a Parábola do Filho Pródigo, muitas vezes proclamadas como a história do Pai bondoso. Ninguém pode imaginar a grandeza deste coração de Pai, que busca sem cessar o filho perdido e o abraça e beija quando volta, arrependido, a casa. Ninguém pode igualar uma recepção tão festiva para quem saíra de casa, solapando a riqueza do Pai, esbanjando saúde e regressando cheio de fome e maltrapilho. Sorte é que o filho distante tinha gravado em seu peito o jeito misericordioso do Pai: isto o impele a regressar. O filho mais velho, no entanto, não pôde suportar o coração bondoso do Pai; não pôde suportar a prodigalidade do Pai, a abundância de sua ternura e misericórdia, o seu gesto de perdão, que coloca em seu rosto os sinais da mais inaudita alegria. Cumpridor das obrigações de filho, quer na casa, quer no campo, julgava-se o merecedor da festa e da recepção oferecida pelo Pai, ao filho trasviado. Ciúme, inveja e raiva tomam conta do seu coração ferido. Sai da sua boca, não um canto de júbilo pela volta do irmão perdido, mas uma queixa profunda por tudo o que fazia; demonstra seu ressentimento, não entende a cartilha do amor que o Pai quer lhe ensinar. O Pai, sem conter a alegria, traz o filho mais velho à razão: ‘seu irmão estava morto, perdido e agora está aqui conosco’. Celebrar com festa a volta de um perdido é trazer à memória a lembrança de como Deus é: sempre recebendo de braços abertos aqueles que busca recuperar para o seu Reino, os transviados do mundo. Esta é a lógica de Deus, que teimamos, como filhos mais velhos, a não entender e aceitar. Esta é a lógica que levou Jesus à cruz: a lógica do amor, do perdão, da ternura e da misericórdia. – Pai querido, restaura-nos à sua imagem e semelhança e isto nos basta!” (Magda Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite