Sábado, 30 de março de 2024

(Mc 16,1-7) Vigília Pascal.

“E diziam entre si: ‘Quem rolará para nós a pedra da entrada do túmulo?’” Mc 16,3.

“Na manhã da Páscoa são novamente três mulheres que se dirigem à sepultura. São as mesmas que tinham ficado junto da cruz e que viram Jesus morrer. Na cruz, elas já tinham visto o mistério de Jesus. Foi lá que lhes surgiu como o verdadeiro Messias. Agora elas vêm com a intenção de ungir seu corpo com óleos aromáticos. Querer embalsamar o corpo de um morto no terceiro dia não parece ser uma ideia muito lógica. Por isso devemos ver nesse proposto um sentido mais profundo. Na hora da morte de Jesus, as mulheres reconheceram nele o Messias confirmado por Deus em sua glória. Dirigem-se, então, muito cedo, ‘tendo despontado o dia’ (16,2), à sepultura, para ungir Jesus como o Cristo. O sol que desponta tem sentido figurativo: ele é o símbolo da ressurreição de Jesus que ilumina a noite escura em que se encontra a humanidade sem Cristo. E ele é também uma metáfora da nova visão das mulheres: enquanto os discípulos continuam todos cegos, as mulheres conseguem enxergar o despontar da Páscoa. O sol da ressurreição as iluminou. Um símbolo é também a pedra da entrada. Ela representa tudo o que nos impede de viver. Uma vez afastada a pedra, o poder da morte estará desfeito. Deixaremos de viver bloqueados e inibidos por tudo aquilo que nos quer oprimir e embaraçar. O texto diz que a pedra era muito grande. Às vezes sentimos realmente uma rocha que, pesando sobre nós, frustra nossas tentativas de levantar da sepultura de nosso medo e da nossa escuridão” (Anselm Grüm – Jesus, caminho para a liberdade – Loyola).

 

Pe. João Bosco Vieira Leite