(Mc 16,1-7) Vigília Pascal.
“E diziam
entre si: ‘Quem rolará para nós a pedra da entrada do túmulo?’” Mc 16,3.
“Na manhã
da Páscoa são novamente três mulheres que se dirigem à sepultura. São as mesmas
que tinham ficado junto da cruz e que viram Jesus morrer. Na cruz, elas já
tinham visto o mistério de Jesus. Foi lá que lhes surgiu como o verdadeiro
Messias. Agora elas vêm com a intenção de ungir seu corpo com óleos aromáticos.
Querer embalsamar o corpo de um morto no terceiro dia não parece ser uma ideia
muito lógica. Por isso devemos ver nesse proposto um sentido mais profundo. Na
hora da morte de Jesus, as mulheres reconheceram nele o Messias confirmado por
Deus em sua glória. Dirigem-se, então, muito cedo, ‘tendo despontado o dia’
(16,2), à sepultura, para ungir Jesus como o Cristo. O sol que desponta tem
sentido figurativo: ele é o símbolo da ressurreição de Jesus que ilumina a
noite escura em que se encontra a humanidade sem Cristo. E ele é também uma
metáfora da nova visão das mulheres: enquanto os discípulos continuam todos
cegos, as mulheres conseguem enxergar o despontar da Páscoa. O sol da
ressurreição as iluminou. Um símbolo é também a pedra da entrada. Ela
representa tudo o que nos impede de viver. Uma vez afastada a pedra, o poder da
morte estará desfeito. Deixaremos de viver bloqueados e inibidos por tudo
aquilo que nos quer oprimir e embaraçar. O texto diz que a pedra era muito
grande. Às vezes sentimos realmente uma rocha que, pesando sobre nós, frustra
nossas tentativas de levantar da sepultura de nosso medo e da nossa escuridão” (Anselm Grüm – Jesus, caminho para a
liberdade – Loyola).
Pe. João
Bosco Vieira Leite