Terça, 11 de abril de 2023

(At 2,36-41; Sl 32[33]; Jo 20,11-18) 

Oitava de Páscoa.

“Então Jesus disse: ‘Maria!’ Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: ‘Rabuni’ (que quer dizer Mestre)” Jo 20,16.

“João descreve o encontro do ressuscitado com Maria Madalena como uma cena típico-ideal. Ele nos convida a meditar e interioriza-la. Meditando sobre essa experiência pascal da primeira testemunha da Ressurreição é possível aprofundar a nossa relação de amor e confiança com Jesus. Com a Ressurreição, o nosso amor para com Jesus torna-se eterno e definitiva. Ao mesmo tempo, a cena nos mostra que o mundo inacessível de Deus se revela e realiza no mundo familiar do encontro humano. A ressurreição não fala de um mundo de fantasia, ela é experimentável dentro de nossa vida. O encontro entre Maria e Jesus está cheio de poesia. Ele tem uma certa conotação erótica. No amor que nos encanta pode manifestar-se o mistério da Ressurreição. Mas não podemos reter o ressuscitado. Ele se manifesta, mas logo em seguida esquiva-se de nosso alcance e de nossa compreensão. É uma característica do amor entre duas pessoas: não posso segurar o outro. Existe algo no outro que precisa subir ao Pai. Há nele algo que permanece inatingível, furtando-se à minha abordagem. João quer nos dizer que, na Ressurreição, entramos numa nova relação com Jesus. Ressurreição significa: encontra Jesus de modo que ele se torne o meu mestre pessoal, que me leva à vida, que se dirige a mim com amor. Ressurreição significa que o amor é mais forte que a morte. Jesus não permaneceu na morte. O seu amor derrotou a morte. Já não podemos perder o amor de Jesus, nem mesmo morrendo. Mas a Ressurreição significa também que não podemos segurar Jesus, que precisamos aceitar que ele nos remeta ao Pai. O ressuscitado que subiu ao Pai já nos leva junto, em sua ressurreição, para a casa do Pai que é o nosso verdadeiro lar. Por isso, a Ressurreição não é o restabelecimento do estado anterior, ela é um despertar espiritual e uma renovação da vida. As estruturas antigas do agarramento egocêntrico das coisas são rompidas e o que se revela é o nosso verdadeiro centro que repousa em Deus”  

(Anselm Grun – Jesus, porta para a vida – Loyola)

Pe. João Bosco Vieira Leite