Quinta, 27 de abril de 2023

(At 8,26-40; Sl 65[66]; Jo 6,44-51) 3ª Semana da Páscoa.

“Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia” Jo 6,44.

“Insiste-se no mesmo tema do pão eucarístico, pois sendo tão maravilhoso e nunca ouvido, nem mesmo possível de imaginar-se que Jesus permanecesse na Eucaristia, para ser o nosso alimento, quis o Senhor deixar bem evidente, repetidas vezes e em diferentes ambientes e auditórios, sua presença real na Eucaristia, a fim de que não houvesse lugar para dúvidas. Todo o capítulo sexto do Evangelho segundo São João foi feito para provar que a Eucaristia comunica aos fiéis a vida que o Filho recebe do Pai. Por isso, afirma nesta parte que corresponde ao evangelho de hoje, que ‘ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair’ (v. 44); é o Pai que deve suscitar em nós o desejo de ir a Jesus e nos entregarmos a ele; é ouvindo o Pai que se chega a Jesus (ver v. 45). A fé é uma virtude sobrenatural; não bastam nossa vontade ou nossas próprias forças, para consegui-la. A fé é obra da graça de Deus, que ajuda nossa vontade. Nós devemos agradecer o dom da fé que o Senhor nos concedeu e devemos viver conforme ela. ‘A fé não é aceitar fórmulas religiosas não muito bem especificadas, que são como que um sedimento residual de uma instrução catequética esquecida e de uma observância religiosa decadente, mas dotada de alguma revivificação acidental. É esta, infelizmente, a fé de muita gente do mundo de hoje, uma fé que se tem por costume, uma fé convencional, uma fé não comprometida e pouco praticada’ (Paulo VI, Audiência geral de 19/04/67). Cristo começou a revelar-se aos apóstolos, não lhes proporcionando um Credo, mas fazendo-os viver a experiência de seu encontro. O Cristo atual é a Igreja de nossos dias. Aceitar Cristo, crer em Cristo e rejeitar a Igreja é apegar-se a uma lembrança histórica e não uma realidade atual histórica contemporânea. Crer é fazer parte de um povo ou comunidade de crente; crer conjuntamente. Crer não é fechar-se na solidão de nossa relação pessoal com Deus; é entrar na comunidade dos crentes. É preciso aceitar essa dimensão comunitária da fé; crer é fazer um povo de irmãos, que levam a palavra de Deus pelo mundo” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite