Segunda, 10 de abril de 2023

(At 2,14.22-32; Sl 15[16]; Mt 28,8-15) 

Oitava de Páscoa.

“Então Jesus disse a elas: ‘Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam a Galileia.

Lá eles me verão’” Mt 28,10.

“Enquanto Marcos termina com a cena da fuga das mulheres da sepultura, Mateus descreve a aparição de Jesus para as mulheres. No caminho, Jesus se aproxima delas e as saúda. Elas vão ao seu encontro, lançam-se ao chão e abraçam os seus pés. Elas lhe rendem homenagem e adoração. Jesus lhes dirige, então, praticamente as mesmas palavras usadas também pelo anjo: ‘Não temais. Ide anunciar a meus irmãos que eles devem ir à Galileia: lá é que eles me verão’ (28,10). Ao contrário do anjo, aqui Jesus chama os seus discípulos de irmãos. Pela morte e ressurreição de Jesus, tornaram-se irmãos e irmãs. O seu fracasso e a sua fuga covarde estão perdoados. Em condições que contrastam com as duas mulheres que encontraram o ressuscitado e que são recebidas com fé pelos irmãos, os guardas do túmulo relatam aos sumos sacerdotes ‘tudo o que aconteceu’ (28,11). Mas os representantes de Israel não acreditam naquilo que os guardas lhes contam. Soldados romanos transformam-se em arautos da ressurreição, mas os judeus não lhes dão crédito. Antes, resolvem subornar os soldados para que estes difundam a mentira do furto do corpo. É uma cena que não carece de ironia: os soldados ‘agiram conforme as instruções que lhes haviam dado’ (28,15). No texto grego está escrito ‘conforme tinham sido instruídos’. Foram instruídos como os discípulos de Jesus, só que a instrução recebida é falsa. E eles continuam divulgando essa instrução de mentira até os dias de hoje. Com essa constatação, Mateus faz referência ao presente. Nós estamos hoje também divididos entre a mensagem da ressurreição de Jesus como é relatada por Mateus e as falsas instruções que nos querem convencer de que a ressurreição de Jesus deve ser entendida apenas em sentido simbólico, pois significaria somente que a causa de Jesus segue em frente. Mateus nos convida a acreditar na realidade histórica da ressurreição de Jesus. Ela aconteceu. O ressuscitado apareceu às mulheres. Mas a fé na ressurreição e no ressuscitado não visa a exatidão dos fatos que aconteceram naquele tempo, porque não podemos viver só dos fatos. Mateus interpreta os fatos e dirige o olhar para a frente. A fé na ressurreição de Jesus e no Senhor ressuscitado tem consequências para a nossa vida hoje. Ela nos põe em movimento, para que, olhando para trás, não nos envolvamos em discussões inúteis sobre os acontecimentos reais. Mais importante é que o ressuscitado tem uma missão para nós. A fé na ressurreição quer mostrar-se em nossa vida. A cena final do evangelho de Mateus deixa isso bem claro” (Anselm Grün – Jesus, Mestre da Salvação – Loyola).    

 Pe. João Bosco Vieira Leite