(Gn 1,20—2,4; Sl 8; Mc 7,1-13)
5ª Semana do Tempo Comum.
“Mas vós ensinais que
é lícito alguém dizer a seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que vós podereis
receber de mim
é Corban, isto é,
consagrado a Deus’” Mc 7,11.
"Para
entendermos bem essa invectiva e acusação de Jesus contra seus adversários,
fariseus e escribas, será importante entender a extensão da lei do Corbã, que
se encontra nos livros do Levítico, Números e Ezequiel, no AT. Segundo ela,
tudo o que alguém destinava ao templo de Deus, bens ou dinheiro,
ficava isento das exigências mais elementares do Decálogo, como, por exemplo, a
assistência aos pais, que pudessem encontrar-se em necessidade. Se os pais
dissessem ao filho: 'Estamos em dificuldades. Ajude-nos com os teus bens', e se
ele dissesse que os seus bens era Corbã, não precisava socorrer seus pais pelas
leis vigentes, ofendendo assim as leis divinas. Contra isso Jesus se insurge,
afirmando que, primeiro, se deve obedecer às leis de Deus, ao Decálogo, por
exemplo, uma vez que elas são mais sagradas e imperativas do que as leis
humanas, que a elas estão sujeitas e não lhe serão superiores. E a suprema lei
de Deus é a vida plena de suas criaturas. Somente depois de observar esta lei,
todas as demais leis, e somente quando estiverem em consonância com ela, devem
ser obedecidas. Quantas vezes, nós religiosos, fazemos valer pequenas leis de
valor meramente humano no trato com nossos semelhantes, desrespeitando as
verdadeiras leis divinas de amor à vida e de solidariedade a suas necessidades!
Coamos mosquitos e engolimos, como dirá Jesus em outra passagem, camelos.
Obedecemos a um deus minúsculo que não existe e esquecemos o Deus verdadeiro.
Por prescrições pequenas e passageiras, ofendemos ao sagrado sacramento da vida
divina de nossos irmãos. - Senhor Deus, grande e bom, perdão pela
estreiteza de nosso espírito. Dai-nos um coração grande e sensível para as necessidades
dos outros, honrando assim vosso nome. Amém " (Neylor J. Tonin -
Graças a Deus [1995] - Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite