(Gn 11,1-9; Sl 32[33]; Mc 8,34—9,1)
6ª Semana do Tempo Comum.
“Desçamos e
confundamos a sua língua, de modo que não se entendam uns aos outros” Gn 11,7.
“Aplicando a toda a
Humanidade um episódio que na sua origem pode ter tido dimensões locais
(porventura a derrocada do império babilônico cerca de 1600-1500 e depois ainda
em 539 a.C., depois do seu renascimento com Nabucodonosor), o autor sagrado
quer fazer refletir sobre as consequências a nível planetário do desejo humano
de construir para si um futuro indestrutível (vv. 1-4). A intervenção de Deus
(5-9) não é uma maldição para a Humanidade, mas antes a recuperação do projeto
divino original: ver os povos, na sua diversidade, viver no respeito recíproco.
Desde sempre as pessoas procuraram modelos de vida que dessem coesão a projetos
e iniciativas comuns. Se é vivida como convivência entre as diferenças, a
unidade corresponde àquele ‘projeto shalom = felicidade’ que Deus desde sempre
deseja para todos os seus filhos e filhas. Mas pode acontecer que os seres
humanos (ou uma parte deles) pretendam alcançar, mediante o desfrute da técnica
(está subtendida naquele ‘vamos fabricar tijolos’), uma unidade política e
cultural (simbolizada pela torre da cidade) que elimina todas as diferenças
(simbolizadas pelas diversas línguas faladas) e que, sobretudo, procure
atribuir-se uma dimensão ‘divina’ ou de suplantar inclusive a Deus e os valores
espirituais (vv. 3-4). Isto não corresponde ao projeto do Criador como
apresentado no ‘mapa das nações’ (cf. Gn 10). Então o Senhor encontra um modo
de colocar um limite aos desejos humanos, que arriscam destruir a Humanidade; e
ao mesmo tempo restabelecer relações corretas de respeito entre os vários
grupos e povos. Deste modo, Deus compromete-Se a acabar com qualquer
globalização que seja imposição de projetos culturais, econômicos e políticos
que anulam as diferenças entre as pessoas” (Giuseppe Casarin – Lecionário
Comentado [Tempo Comum – Vol. 1] – Paulus).