(Gn 2,18-25; Sl 127[128]; Mc 7,24-30)
5ª Semana do Tempo Comum.
“O Senhor Deus disse:
‘Não é bom que o homem esteja só. Vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a
ele’” Gn 2,18.
“Porque é que o homem e a mulher se
atraem reciprocamente, até darem início a uma relação absolutamente nova?
Porque – responde o autor sagrado – cada um é para o outro aquele bem
indispensável que rompe o círculo do isolamento, que leva à morte existencial
(v. 18). Não é o relacionamento com os animais (vv. 19-20) mas o diálogo com
que, como a mulher, é igual a ele por natureza e dignidade, que permite ao
homem tomar consciência da sua própria identidade (homem) e acolher a outra na
sua diversidade (mulher), respeitando-a porque é um dom do Criador (vv. 21-25).
Na perspectiva bíblica cada pessoa realiza-se na medida em que vive de forma
harmoniosa e correta as relações que dão sentido e tornam a vida bela. Depois
de ter descrito a relação com Deus (Ele é o Criador) e com a Criação (deve ser
cultivada e guardada), o autor sagrado examina a relação homem-mulher.
Semelhante entre si por dignidade e natureza, um ajuda o outro a sair de si
próprio mediante o diálogo para reconhecer a sua realidade e a do outro e
acolherem-se reciprocamente como dom proveniente do Criador, verdadeiro Pai que
cuida da felicidade dos seus filhos (v. 18). Ficam assim ultrapassados os mitos
do homem caçador e da mulher sedutora. Enquanto diante de Deus cada pessoa se
mantém à escuta, perante o outro o homem toma a palavra, ou seja, comunica a si
mesmo e reconhece quem está diante de si (aqui a mulher, símbolo da alteridade
mais radical para o homem). Tem início assim uma relação totalmente nova,
porque supera os vínculos familiares de sangue. Inscrita na profundidade do
coração de cada um, essa relação encontra depois expressão, mesmo jurídica, na
instituição do Matrimônio” (Giuseppe Casarin – Lecionário
Comentado [Tempo Comum – Vol. 1] – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite